Sem Terra de MG debatem os desafios para o próximo período

O enfrentamento ao modelo de _mineração, a conjuntura política nacional e os desafios da Reforma Agrária Popular são questões em foco nos debates do encontro estadual.

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Por Geanini Hackbardt 
Da Página do MST

Durante os dias 09 a 12 de dezembro, cerca de 200 trabalhadores\as sem terra, vindos de todas as regiões do estado, participam de encontro Estadual do MST de Minas Gerais e debatem os rumos da luta no próximo período. A atividade que começou nesta quarta-feira (09), ocorre no Centro de Formação Francisca Veras que se localiza no Assentamento Oziel Alves, em Governador Valadares – uma das cidades atingidas pelo crime ambiental da Samarco/Vale.

O fato do MST se preparar para enfrentar os desafios políticos para o próximo período numa das cidades em que a destruição do Rio Doce deixou milhares de habitantes sem água, é simbólico. A mineração domina o território e a política mineira para servir ao capital internacional. E neste momento de crise a tendência é ampliar ainda mais a exploração sobre todos os recursos naturais brasileiros para recompor as taxas de lucro da burguesia.

O caos instaurado na política do país também está relacionado a isto, como destaca Ênio Bohnenberger, da direção nacional do movimento.

“Há dois debates fundamentais em questão: a conjuntura política, em um momento que a sociedade enfrenta uma crise política e econômica profunda e passamos pelo crime ambiental em Mariana, que é mais um sinal da crise do capitalismo. Junto a isto, se soma a questão de avançar na Reforma Agrária Popular, massificar a luta e ampliar o debate da produção de alimentos saudáveis, mostrando para a sociedade a viabilidade do nosso projeto.”

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Já Ester Hoffmann, da Direção Estadual MST, ressalta o fato das terras do estado estarem loteadas para a exploração mineral, o que dificulta ainda mais a desapropriação de áreas para a Reforma Agrária.

“A tomada de território pelas mineradoras, de forma degradadora e predatória, coloca em risco o nosso projeto também. O Brasil sempre extraiu o minério, mas a forma como o faz é que está o problema. Faz sem preocupação nenhuma com a natureza, sem respeito algum às comunidades. Essas empresas vêm, tiram tudo, vão embora e só deixam a destruição. E ainda têm todo o apoio do estado para fazer isso. Só quando acontece um desastre desse, é que isso vem à tona, mesmo assim com várias informações sendo escondidas.”

A dirigente ainda ressalta que esse enfrentamento também se dará com a ampliação da produção de alimentos saudáveis. “Um dos grandes desafios nossos é dar conta que nossos assentamentos sejam espaços de produção de alimentos saudáveis e que esses alimentos sejam entregues aos trabalhadores, nas escolas, feiras, etc, por um preço acessível, por que a partir disso se constrói a aliança com a cidade”, aponta Ester.

Enquanto o MST procura formas de produção livre de agrotóxicos, baseada na cultura da agroecologia para alimentar a classe trabalhadora, as elites tentam imprimir um golpe no governo eleito democraticamente para entregar definitivamente o país nas mãos do capital. “Diante destes temas, nos questionamos como vamos organizar o MST para dar a resposta política que a sociedade espera de nós”, conclui Ênio.  

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