Em entrevista, Douglas Estevam fala sobre o lançamento do livro ‘Agitprop: cultura política’

A obra é resultado de vários anos de pesquisa empreendida por militantes da Cultura, Comunicação e Juventude do Movimento.

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Por  Eduardo Campos Lima
Da Página do MST

 

O MST lança em São Paulo, nesta quinta-feira (25), o livro Agitprop: cultura política, uma coletânea de textos teóricos e peças teatrais relacionados à cultura de Agitação e Propaganda, com foco, sobretudo, nas experiências soviética e alemã – mas abordando também, como não poderia deixar de ser, a trajetória brasileira, especialmente a do próprio Movimento.

O livro parte de vários anos de pesquisa empreendida por militantes da Cultura, Comunicação e Juventude do Movimento. 

Na entrevista a seguir, Douglas Estevam, militante do Setor de Cultura do MST e um dos organizadores do livro Agitprop: Cultura Política, fala sobre a discussão sobre cultura no MST e o processo de produção do livro.

 

Quando começou o debate sobre Agitação e Propaganda no MST?

 

A discussão é antiga, mas foi se ampliando com a consolidação da Brigada de Teatro, em 2001, após firmarmos uma parceria com Augusto Boal. Nesse processo se formaram vários grupos – chegamos a ter 40 coletivos de teatro. Estabeleceu-se um diálogo entre o Setor de Cultura e os setores de Comunicação e Juventude. O debate foi crescendo e, por volta de 2006, junto com a professora Iná Camargo Costa, surgiu a ideia de fazer uma publicação sobre agitprop.

 

Como o livro foi planejado, inicialmente?

Havíamos considerado a possibilidade de fazer livros sobre as diferentes linguagens artísticas envolvidas na Agitação e Propaganda. Reunimos bastante material e começamos a traduzir. Mas decidimos trabalhar com a ideia de uma cultura agitpropista mais ampla, superando visões reducionistas da agitprop como uma determinada forma artística ou como uma função a ser desempenhada. Chegamos ao conceito de agitprop como uma construção importante para a cultura operária – algo que supera a visão clássica de agitprop dos Partidos Comunistas, por exemplo, que a relacionavam a distribuir panfletos ou ao papel do orador em grandes atos.

O que pautou a seleção dos textos?

Reunimos, na primeira versão, textos da coleção francesa Le Théâtre d&”39;agit-prop e artigos sobre experiências nos EUA e na Indonésia. O livro ficou com cerca de 400 páginas e tivemos que reduzi-lo. Optamos pelas experiências da URSS e Alemanha, que foram mais impactantes. Queríamos muito trabalhar com materiais sobre a América Latina, mas não deu para incluí-los no livro nesse momento. Talvez façamos isso no futuro.

Como vocês esperam que o livro contribua com o debate no movimento e com o
debate cultural brasileiro?

Em 2014, o MST consolidou a Brigada de Agitação e Propaganda Nacional Carlos Marighella. Há diferenças na apropriação desse debate nos vários setores do movimento, mas temos avançado ao longo dos anos. O livro contribuirá para a consolidação das brigadas de agitprop e servirá como insumo para formações nas escolas e nos encontros que faremos. Além disso, continuaremos buscando estreitar os laços com artistas e grupos teatrais – nos próprios lançamentos do livro, que ocorrerão em diferentes regiões do país, contaremos com pessoas do teatro. Desde 2013, o Brasil vê uma retomada das ruas como espaço que vem sendo ocupado tanto pela direita como pela esquerda. Acreditamos que o debate sobre agitprop pode contribuir para a participação dos movimentos sociais nesse processo.

 

*O lançamento acontece na próxima quinta-feira (25), às 20h, no Teatro de Arena (Rua: Doutor Teodoro Baima, 98)