“A mineração é inimiga do povo brasileiro”, afirmam as mulheres Sem Terra

Para as Sem Terra o atual modelo minerador do país precisa ser transformado através da luta e da organização popular.

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Do Coletivo de Comunicação do MST na Bahia

 

Durante ocupação realizada neste sábado (5) na companhia Mirabela Mineração do Brasil, as trabalhadoras Sem Terra denunciaram o modelo vigente de exploração mineral, no país afirmando que este “não atende os interesses do povo brasileiro”. 

As Sem Terra enfatizaram ainda que este modelo precisa ser transformado através da luta e da organização popular. Um modelo com o protagonismo do povo e voltado aos interesses nacionais.

Histórico 

A Mirabela é uma empresa subsidiária da matriz australiana Mirabela Nickel e explora a mina Santa Rita na extração de sulfato de níquel, substância tóxica que em grande quantidade no corpo humano pode causar doenças como dermatite, além de má formação de fetos.

A Mirabela possui a segunda maior jazida de sulfato de níquel da história e tem expectativa de produzir durante 14 anos. Estima-se que apenas no ano passado tenha produzido 18 mil toneladas de níquel. Entretanto, os 400 trabalhadores da mineradora vivem em clima de constantes ameaças, com seguidos cortes de pessoal e o provável encerramento dos trabalhos, devido ao baixo preço do minério. 

Mineração do Brasil

De acordo com Magno Luiz, do Movimento Nacional pela Soberania Popular na Mineração (MAM), as organizações populares possuem a tarefa de superar a falsa ideia de que a mineração produz emprego.

“Com a quebra do crescimento da mineração e a parada das obras os trabalhadores perceberam que as empresas não estão se importando com eles. Com isso, precisamos fazer o contra discurso e apontar caminhos coletivos na luta contra o modelo de mineração”, explica. 

“A mineração no Brasil é chefiada por empresas estrangeiras que exploram as riquezas do solo nacional e enviam as remessas de lucro para o exterior. Com esta violação da autonomia brasileira, os trabalhadores veem as escolhas sendo feitas a revelia das necessidades locais. Para o Brasil sobram as violações trabalhistas, a expropriação dos territórios e a destruição ambiental”, diz Luiz.

Mariana

O rompimento de duas barragens no distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, na região central de Minas Gerais, e que deixou dezenas de pessoas feridas e desabrigadas, trouxe à tona a discussão da política de mineração para o campo social.

As barragens de Fundão e Santarém eram de responsabilidade da empresa Samarco, que tem 50% de suas ações nas mãos da Vale do Rio Doce, uma das maiores mineradoras do mundo. A outra metade pertence à australiana BHP Billiton.

O “crime” é produto direto da política neoliberal, ferramenta do sistema capitalista que fortalece as opressões e as desigualdades sociais, apontam as trabalhadoras. 

Sem data prevista para desocupar a área de quase 2 mil hectares da Mirabela, as mulheres pretendem continuar intensificando as lutas e denunciando o modelo de produção do capital e toda forma de violência. 

As ações fazem parte da Jornada de luta das Mulheres Sem Terra, que através da ocupação em mineradoras no sul da Bahia, solidarizam-se aos milhares de trabalhadores e trabalhadoras atingidos, diretamente e indiretamente, pelos projetos de mineração.