No CE, comunidades ocupam fórum em protesto contra carcinicultura

A Carnicicultura é uma atividade considerada extremamente predatória. Além de se instalar, em regra, às custas de enormes áreas desmatadas e ser responsável direta pelo esgotamento de fontes hídricas que abastecem a população.

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Por Thales Emmanuel
Da Página do MST

No último dia (19), de abril, cerca de 300 pessoas entre militantes Sem Terra e da Juventude do Meio Popular (PJMP), todos integrantes da Organização Popular (OPA), ocuparam a sede do poder judiciário em Aracati, Ceará. 

Os manifestantes protestaram contra o agronegócio da carcinicultura – criação empresarial de camarão -, que vem sendo denunciada há anos, principalmente por comunidades ribeirinhas.

A Carnicicultura é uma atividade considerada extremamente predatória. Além de se instalar, em regra, às custas de enormes áreas desmatadas e ser responsável direta pelo esgotamento de fontes hídricas que abastecem a população (segundo estudos, cerca de 60 mil litros de água são necessários a produção de 1 quilo de camarão), este modelo de produção está associado diretamente à contaminação dos mananciais pelas substâncias químicas utilizadas.

Danos à saúde e escassez de água já atingem boa parte da população da região, que, por sua vez, começa a apontar para carcinicultura como causadora principal de seus problemas. Isso refletiu no amplo apoio que a mobilização recebeu da sociedade.

Faixas com frases como “Água para o povo, não para a carcinicultura!” e “Poder Judiciário + Grandes Empresários = Injustiça Contra o Povo”, estendidas pelos manifestantes, exprimiram bem o estado de indignação vigente.

A marcha, que antecedeu a ocupação, também não poupou críticas ao monopólio dos meios de comunicação. 
Segundo Josenilson Doddy, da coordenação da OPA, “Está tudo interligado: judiciário, grandes empresários e mídia golpista. As coisas acontecem de forma articulada e quem sempre sai perdendo é o povo. Do lado de cá, estamos nos unindo e lutando contra isso e afirmando uma alternativa de poder, afirmou.

A ocupação continua e uma audiência entre juízes da comarca e comissão das comunidades ficou agendada para hoje (25), às 16 horas.