Sem Terra ocupam fazenda do ex-banqueiro Ângelo Calmón, em Amélia Rodrigues (BA)

Os Sem Terra denunciam ainda, que a massa falida do ex banco econômico deve um montante considerável de recursos em impostos à receita federal e diversas dívidas trabalhistas.
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Por Coletivo de Comunicação do MST na Bahia

Na madrugada deste sábado (21/05), mais de 200 famílias Sem Terra ocuparam a fazenda e Usina Aliança, em Amélia Rodrigues, no recôncavo baiano, cujo proprietário é o ex-banqueiro Ângelo Calmon de Sá.

O latifúndio é uma antiga propriedade do grupo do Banco Econômico, que faliu na década de 90. O banco era o mais antigo, com caráter privado da América Latina, e em 1995 sofreu uma intervenção jurídica emitida pelo Banco Central.

O processo penal de liquidação extra judicial responsabilizou os culpados, porém se arrasta até hoje, 21 anos depois. Em valores atualizados, a propriedade acumula uma dívida de mais de 18 bilhões de reais com o Banco Central.

Além disso, os Sem Terra denunciam ainda, que a massa falida do ex-banco econômico deve um montante considerável de recursos em impostos à receita federal e diversas dívidas trabalhistas.

Condenado por gestão fraudulenta do banco por 13 anos de prisão, Ângelo não foi preso, mantendo milhares de hectares de terras improdutivas e suas dívidas com a União.

Ao mesmo tempo em que as famílias exigem que o latifúndio improdutivo seja destinado para fins de Reforma Agrária, pedem também, que o proprietário seja preso por seus crimes.

Benedito Bacarau

Diante da atual situação da área ocupada e em memória a ressente morte do militante baiano, Benedito Bacurau, as famílias homenagearam a sua trajetória de lutas dando ao acampamento formado o seu nome.

Bacurau pautou, durante sua militância contra o agronegócio e exploração da classe trabalhadora, o cuidado com a biodiversidade e o reflorestamento, tendo a agroecologia como base política do seu discurso.

Vai ter Reforma Agrária

Segundo o MST no estado, a ação retoma as lutas contra o golpe e defende a Reforma Agrária, bandeiras de lutas também pautadas pela Frente Brasil Popular e a Frente Povo Sem Medo.

As frentes são formadas por diversas organizações e movimentos populares, que repudiam o governo ilegítimo do presidente interino Michel Temer (PMDB).

O MST em conjunto aos movimento destaca que jamais irá reconhecer o governo golpista de Temer. “Repudiamos o atentado aos direitos historicamente conquistados da classe trabalhadora e o retrocesso nas políticas sociais que está em curso no Brasil”, afirma a direção do Movimento.

Retrocessos

Com apenas uma semana de existência, a gestão de Temer já coleciona críticas e grande insatisfação popular. E não apenas de setores ligados a esquerda e ao governo Dilma, mas também de segmentos que apoiaram o processo de impeachment.

Nas primeiras horas como chefe do Poder Executivo federal, novas medidas eram anunciadas, gerando ainda mais instabilidade para o governo, como: uma composição ministerial formada só por homens, todos brancos e ricos; a redução no número de ministérios; nomeação de envolvidos em escândalos de corrupção para ministros; e privatizações na Saúde e Educação;

O MST aponta a necessidade de permanecer mobilizados e dá inicio, nos próximos meses, a uma grande jornada de ocupação de terra contra o governo de Temer e pela Reforma Agrária Popular.