Produção do MST é comercializada na Feira Latino Americana da Economia Solidária

Os eventos acontecem de forma paralela, desta sexta-feira (8) até o próximo domingo (10), no Centro de Referência de Economia Solidária de Santa Maria, no Centro do estado.
IMG_0533.JPG

Por Catiana de Medeiros
Da Página do MST

Quem quiser conhecer a diversidade e experimentar a qualidade dos alimentos produzidos em áreas de assentamentos do Rio Grande do Sul não pode deixar de passar pela 23ª Feira Internacional do Cooperativismo e 12ª Feira Latino Americana de Economia Solidária, onde também está sendo realizada a Feira da Reforma Agrária. Os eventos acontecem de forma paralela, desta sexta-feira (8) até o próximo domingo (10), no Centro de Referência de Economia Solidária de Santa Maria, no Centro do estado.

Seu João e dona Beloni Almeida, assentados em Vacaria, na região Serrana, viajaram cerca de 8 horas para chegar até Santa Maria e participar pela primeira vez, de forma direta, da feira. Eles trouxeram para comercialização 350 litros de suco de uva orgânicos, pinhão, bolacha de pinhão, salame, chimias e geleias de uva e araçá.

Os dois camponeses moram desde 1988 no Assentamento Nova Estrela e lembram que tiveram a primeira experiência com feira a 15 anos atrás. Desde então, junto a outras famílias, expõem produtos uma vez ao ano na Feira dos Pequenos Frutos, Artesanatos e Mel, no Mercado Público de Vacaria; e a cada 15 dias na Feira Ecológica do bairro Vitória. 

Segundo dona Beloni, eles apostam no contato direto com o consumidor para levar à sociedade os frutos da reforma agrária, mostrando que a democratização das terras gera grandes experiências quando as famílias se mantêm organizadas. “Eu adoro fazer feira, porque é um trabalho muito gratificante, um espaço de troca de experiências e aprendizado entre o campo e a cidade”, complementa.

IMG_0510.JPG

Diversidade

As camponesas Janice Wermeir e Marilete Müller, proprietárias da Padaria Delícias da Terra, do Assentamento Santa Verônica, em Santa Margarida, na Fronteira Oeste, ajudam a garantir a diversidade da feira. Elas trouxeram para vender pães doces e salgados, pizzas, empadinhas, cucas, bolachas de maisena e pintadas, biscoitos, trufas e bolos de nata e chocolate.

Esses mesmos alimentos são vendidos três vezes por semana, de porta em porta, para a população margaridense e do município vizinho de São Gabriel. A produção da padaria, que é conduzida há mais de três anos por quatro mulheres, também chega uma vez por semana nas feiras. Contudo, da experiência da economia solidária é a primeira vez que Janice e Marilete participam diretamente. “É uma oportunidade de divulgarmos os nossos produtos e obtermos renda”, argumentam.

Quem passar pela Feira da Reforma Agrária até o próximo domingo ainda poderá levar para casa, entre outros alimentos, queijos, ovos caipira, mandioca, amendoim, cenoura, couve-flor, batata-doce, mel, pé de moleque, cachaça, licor, abacate, bergamota, laranja, limão, melado, compotas, conservas, café orgânico, sementes de hortaliças, grão e farinha de arroz agroecológicos. Mas também terá a disposição uma diversidade de artesanatos e produtos naturais, como toalhas bordadas, bonecas de pano, fitoterápicos, sabonetes e pomadas de própolis e de pimenta.

De acordo com Heloíse Dorneles, do Assentamento Filhos de Sepé de Viamão, na região Metropolitana de Porto Alegre, a introdução desses produtos naturais e artesanais em feiras ocorreu a partir de capacitação realizada pela Cooperativa de Trabalho em Serviços Técnicos (Coptec) às mulheres camponesas. “O curso nos incentivou a produzir não somente para nós, mas também para as feiras. E vale a pena, porque as pessoas têm acesso a produtos com preços mais baixos que no mercado. E, além de serem naturais, têm o mesmo efeito daqueles que estão nas prateleiras das farmácias”, afirma.

IMG_0515.JPG

Experiência aprendente e ensinante

A Feira Latino Americana da Economia Solidária é realizada anualmente na cidade de Santa Maria e é considerada uma “experiente aprendente e ensinante”, que tem a coordenação da irmã Lurdes Dill por meio do projeto Esperança/Cooesperança.

Na tarde desta sexta-feira foi realizada uma caminhada Ecumênica e Internacional pela Paz e Justiça Social, seguida da abertura oficial dos eventos.