MST ocupa a capital baiana com mais de mil trabalhadores

Com a bandeiras vermelhas estendidas sobre o prédio, os trabalhadores denunciaram, a paralisação da Reforma Agrária, e a ofensiva do agronegócio e das transnacionais sobre a agricultura camponesa
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Por Coletivo de Comunicação do MST na Bahia
Fotos: Manuela Hernández

Mais de 1,5 mil trabalhadores e trabalhadoras Sem Terra chegaram a capital baiana nesta última segunda-feira (5) em defesa da Reforma Agrária, pela democracia e contra o governo golpista e ilegítimo de Michel Temer (PMDB).

Munidos de suas ferramentas de trabalho e reivindicando alguns pontos específicos, em especial o descaso com a educação do campo – pauta histórica do MST na Bahia -, os trabalhadores montaram um grande acampamento no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) por tempo indeterminado.

Com a bandeiras vermelhas estendidas sobre o prédio, os trabalhadores denunciaram, a paralisação da Reforma Agrária, e a ofensiva do agronegócio e das transnacionais sobre a agricultura camponesa.

Além disso, os trabalhadores trouxeram o debate das organizações do campo a necessidade da unidade para o acúmulo de forças diante da política de repressão construída pelo modelo de produção do agronegócio, que tem ameaçado o direito à liberdade de expressão e organização do povo brasileiro.

Afirmam também, que o processo de criminalização das lutas e repressão aos movimentos sociais por setores dos governos, do parlamento, da mídia e do judiciário está ainda mais acirrado.

Grito dos Excluídos

Como parte fundamental deste processo de luta, o MST soma-se a milhares de trabalhadores nesta quarta-feira, 7 de setembro, no Grito dos Excluídos que está marcado para acontecer a partir das 9h, com concentração no Campo Grande, Centro.

No Grito, estarão reunidos movimentos e organizações populares, do campo e da cidade, que juntos marcharão pelo centro da capital levantando diversas bandeiras de luta. Dentre elas, a ilegitimidade do governo golpista de Temer.

Um ponto fundamental, colocado pelo MST, é a estagnação de diversas políticas que garantem direitos aos trabalhadores do campo.

De acordo com a direção do Movimento, o Tribunal de Contas da União (TCU), em uma ação que supera as suas atribuições constitucionais, o órgão determinou a paralisação completa do Programa Nacional de Reforma Agrária. Diante de uma metodologia questionável, que não contempla uma pesquisa sobre a realidade do campo brasileiro.

O TCU enquadrou como irregulares 578 mil beneficiários em todas as regiões do país. Estas pessoas, que nem sabem que estão irregulares, já que os dados são sigilosos, estão impedidas de acessar políticas públicas e exercer seus direitos sociais, em decorrência dos bloqueios determinados pelo TCU, que o Incra passou a cumprir.

Jornada Nacional de Lutas

Este amplo processo de luta faz parte da Jornada de Lutas Unitária dos Trabalhadores e Trabalhadoras e Povos do Campo, das Águas e das Florestas, organizada por movimentos populares, sindicais e pastorais que atuam no campo brasileiro.

A questão agrária é a pauta principal da jornada, que tem entre as suas reivindicações o assentamento imediato das mais de 120 mil famílias acampadas em todo o país, a revogação da lei que permite a venda indiscriminada de terras para estrangeiros, a defesa da produção de alimentos saudáveis e de políticas de transição para a agroecologia.

Na Bahia, estas pautas tomam um caráter emergencial, diante dos diversos conflitos e liminares de despejo emitidas pelo judiciário no decorrer do ano.

 

*Editado por Maura Silva