A luta por agroecologia é uma bandeira internacionalista

As experiências agroecológicas por meio do protagonismo das mulheres é um elemento presente no “Intercâmbio de Aprendizagem” realizado na Bahia

 

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Por Coletivo de Comunicação do MST na Bahia
Da Página do MST

As experiências agroecológicas por meio do protagonismo das mulheres é um elemento presente no “Intercâmbio de Aprendizagem” realizado na Bahia com representantes de alguns países do Continente Africano e Americano, como Senegal, México, Honduras, Gana, Guiné e Guatemala.

Desde a terça-feira (6) os representantes visitam assentamentos e acampamentos do MST no recôncavo baiano. A cada visita vivenciam experiências nos barracos de lona de preta à organização política do MST, bem como suas diversas bandeiras de luta que norteiam a construção da Reforma Agrária no país.

Ao mesmo tempo, o olhar atento de cada visitante, estava a posto para compreender o método utilizado pelo Movimento no processo de construção da agroecologia, em que cada trabalhador e trabalhadora Sem Terra ouvia histórias de luta dos países com o objetivo central de fortalecer o internacionalismo como princípio revolucionário.

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Com este sentimento e um sorriso no rosto, Anita Sutha, da Organização de Mulheres Agricultoras de Gana, fala que as experiências vividas pelo MST em suas áreas são inspiradoras. “O processo de organização do trabalho e a relação da agroecologia com a educação são exemplos que levarei para Gana”.

Ela diz ainda que a solidariedade é outro elemento político presente nas comunidades visitadas e que gostaria de voltar outras vezes.

“A luta do MST se parece muito com o modo que organizamos a nossa base na África. Nosso movimento é composto por mulheres agricultoras. Lá praticamos a agroecologia e agricultura familiar utilizando o conhecimento indígena, com o objetivo de promover a soberania alimentar em nossos países”, explica Sutha.

Representando o México, Adriana Welsh faz parte do Ñepi Behña, AC. e Corazión Verde, onde atua diretamente na organização de mulheres indígenas através do artesanato. Cerca de 300 trabalhadoras artesãs fazem parte das organizações que visam o protagonismo político em torno das lutas contra os transgênicos, a construção de uma economia solidária e o resgate do conhecimento indígena.

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Welsh conta que no México não há espaços que garantem liberdade e a expressão das mulheres no processo de produção. “Somos discriminadas e geralmente estamos na linha da pobreza”.

Ela ainda aponta que um elemento fundamental chamou sua atenção durante o intercâmbio, a unidade política construída em torno das lutas pela Reforma Agrária. “Isso é poder popular, unidade de classe, princípio de uma revolução”, ressalta.

De Honduras, Esperança Cardona, coordenadora da comissão política de mulheres da Via Campesina e secretária de assuntos femininos da Asociación Nacional de Campesinos Hondureños (Anach), destaca que um dos principais objetivos de sua luta dialoga diretamente com as construções do MST na Bahia.

“Nossa organização luta pela terra, por uma Reforma Agrária integral. Lutamos por crédito, por uma vida digna, por educação. As políticas neoliberais têm defendido os interesses das transnacionais e tudo isso para avançar na acumulação do capital e negar os direitos da classe trabalhadora. Precisamos lutar por uma sociedade que nos respeite enquanto sujeitos construtores de nossos direitos”, explica.

Cardona relata que “em Honduras as políticas neoliberais têm construído muita fome, pobreza e a emigração. Além disso, a militância está sendo perseguida e morta pelo avanço desta política que legitima a estrutura violenta de dominação do latifúndio no campo”.

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Diante das experiências vivenciadas no território baiano, Cardona comenta que o MST tem um grande trabalho e felicita o Movimento por lutar e preparar sua base entorno da agroecologia. “Sinto-me muito contente e isso eu levarei para o meu país. Assim estaremos educando nossos afiliados da Anach e construindo uma escola de formação com base nos conhecimentos adquiridos neste intercâmbio”.

Encontro de Educadores do MST

Como parte essencial das trocas de experiências, os visitantes participaram da abertura do 18º Encontro Estadual de Educadoras e Educadores do MST, nesta última quinta-feira (15), no Centro de Treinamento da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA), em Salvador.

Na ocasião, foi debatido a educação do campo como instrumento construtor de uma escola agroecológica e da classe trabalhadora.

Motivados com mais esta experiência de formação e organização popular, Ranchel, da África do Sul, enfatizou que as experiências construídas no Brasil são fundamentais para garantir o avanço das lutas por uma sociedade diferente de maneira internacionalista. “Globalizemos a luta. Globalizemos a esperança! Este grito de ordem representa a unidade que estamos construindo. Avante camaradas!”, concluiu.

*Editado por Iris Pacheco