MAB divulga carta para a sociedade brasileira e internacional sobre Mariana

Por que marchamos? Carta denuncia um ano de impunidade do crime que matou o Rio Doce

 

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Foto: Leandro Taques

Da Página do MST

Nesta segunda-feira (31), o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), iniciou uma Marcha em Regência, distrito de Linhares (ES), para marcar um ano da tragédia ocasionada pela ruptura da barragem de Fundão, pertencente à mineradora Samarco.

A marcha “Um Ano de Lama e Luta” denuncia a impunidade em relação ao caso. A caminhada, que conta com a participação de 400 pessoas, deve chegar a Mariana (MG), ponto inicial da tragédia, no dia 2 de novembro.

O trajeto a ser percorrido segue o curso contrário da lama, que, no dia 5 de novembro de 2015, jorrou após o rompimento da barragem e atingiu todo o curso do Rio Doce. Além do dano ambiental, diversas comunidades foram afetadas.

Ao chegar em Mariana (MG), o MAB realizará, entre os dias 2 e 5 de novembro, o Encontro dos Atingidos da bacia do Rio Doce.

Acompanhe as notícias sobre a mobilização

Diante desse contexto, os atingidos divulgarem uma Carta para a sociedade brasileira e internacional sobre o caso. No documento ainda afirmam a luta em defesa dos trabalhadores e trabalhadores e denuncia o capital por sua intrasigência e ofensiva aos territórios do campo.

Marchamos porque devemos sempre lembrar as 19 mortes humanas e um aborto forçado… porque devemos sempre lembrar as gravíssimas consequências para todo o povo que vive na bacia do Rio Doce, desde os operários da empresa em Mariana que correm o risco de ficarem sem seus empregos até os pescadores, comerciantes e moradores de Regência, na beira do mar, que muito perderam com este grave crime”, ressalta trecho da Carta.

Confira abaixo na íntegra.

Ao nos aproximarmos da data que marca 1 ano do grave crime ocorrido com o rompimento da barragem de rejeitos de minérios da Samarco (VALE e BHP-Billiton) no município de Mariana (MG), nós, os atingidos por barragens, organizados no MAB, com apoio de muitas entidades, organizações e movimentos populares nacionais e internacionais, decidimos realizar uma marcha de Regência no Espírito Santo até Mariana em Minas Gerais.

Porque marchamos?

Marchamos para denunciar este grave crime social e ambiental que abalou a bacia do Rio Doce e nosso país, considerado um dos mais graves crimes sociais e ambientais do mundo.

Marchamos porque devemos sempre lembrar as 19 mortes humanas e um aborto forçado.Marchamos porque devemos sempre lembrar as gravíssimas consequências para todo o povo que vive na bacia do Rio Doce, desde os operários da empresa em Mariana que correm o risco de ficarem sem seus empregos até os pescadores, comerciantes e moradores de Regência, na beira do mar, que muito perderam com este grave crime.

Marchamos porque ao longo deste ano verificamos que muito pouco foi feito para resolver os graves problemas ocorridos. E mesmo quando se tratou de fazer “acordos”, a imensa maioria dos atingidos não foi sequer consultada.

Marchamos porque acreditamos em nossa organização, na luta de todo nosso povo. Que através da organização e luta tem a esperança de ver seus direitos garantidos.

Marchamos porque não queremos que crimes como este sejam esquecidos, e que fiquem impunes, ou que venham a se repetir, pela irresponsabilidade das autoridades e empresários responsáveis.

Acreditamos firmemente que nossa luta, pela vida em plenitude, pelo emprego, por nossas terras, por nossos rios, pela água, pela natureza preservada, é absolutamente justa e necessária. Por isso marchamos de Regência a Mariana.

Acreditamos, e queremos muito, o apoio de todas as pessoas de bem, do Brasil e do Mundo, que querem, como nós, uma sociedade justa, fraterna e igualitária.

Apoiem, divulgando e contribuindo com nossa marcha, com nossa luta!

Águas para a vida! Não para a morte!

Um ano de lama e de luta. Somos tod@s atingid@s.

*Editado por Iris Pacheco