Na Bahia, agrovilas agroecológicas se tornam símbolos de resistência contra o capital

Para os Sem Terra, a conquista dos assentamentos e a construção de agrovilas demonstra que a Reforma Agrária é possível, especialmente, numa região de grandes latifúndios
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Sem Terra participaram de inauguração de Agrovilas Agroecológicas

 

Por Coletivo de Comunicação do MST na Bahia
Da Página do MST

 

Mais de 3 mil trabalhadores e trabalhadoras Sem Terra participaram do Ato Político de inauguração de Agrovilas Agroecológicas, nos Assentamentos Jaci Rocha e Antônio Araújo, localizados no Prado, Extremo Sul da Bahia.

 

A atividade aconteceu no último sábado (29), e contou com a presença de representações políticas locais, estaduais e nacionais.

 

No ato a luta dos trabalhadores foi lembrada como marco histórico para conquista da terra e resistência contra o avanço do capital na agricultura. Essas questões aparecem, principalmente, na organização das famílias Sem Terra em 23 agrovilas agroecológicas demarcadas nos assentamentos do estado.

 

João Paulo, da coordenação nacional do MST, destacou que a conquista dos assentamentos é fruto da valentia e sabedoria das famílias Sem Terra, que ao fazer uma leitura correta da conjuntura percebem as contradições e fragilidades do capital.

 

“O nosso Movimento decidiu, mesmo com uma conjuntura política desfavorável fazer a ocupação da terra e implementar a derrota no capital. Se os companheiros estão assentados é porque lutamos e ainda continuaremos em luta”, explica.

 

Para os Sem Terra, a conquista da terra e construção de agrovilas representam que a Reforma Agrária é possível, especialmente, numa região de grandes latifúndios controlados por grupos políticos conservadores, que oprimem a classe trabalhadora e podam os sonhos de transformação.

 

Luta pela terra

 

Ao recordar os primeiros dias nos barracos do acampamento, Genoaria da Conceição, mais conhecida como Gina, casada e mãe de três filhos, assentada no Jaci Rocha, se emocionou. “As dificuldades foram muitas, mas nunca desisti e sempre sonhei com a conquista da terra. Hoje quero seguir lutando e trazer mais pessoas para terra”, afirma Gina.

 

Ela conta que se não estivesse vivendo no assentamento e produzindo, estaria trabalhando em alguma plantação de eucalipto e sendo explorada.

 

Organização de agrovilas

 

Os assentamentos Jaci Rocha e Antônio Araujo se transformaram em base de resistência e construção da agroecologia. A partir da conquista da área em 2015, as famílias começaram um processo de organização e demarcação da terra em agrovilas, de acordo com as aptidões produtivas de cada um.

 

O processo garantiu a construção de assentamentos agroecológicos capazes de recuperar a fauna e flora da região, diminuindo o grande passivo ambiental provocado pelos monocultivos de eucalipto da antiga fazenda. A princípio, o objetivo é potencializar a produção agroecológica, o intercâmbio de experiências e a construção coletiva do conhecimento.

 

Produção agroecológica

 

Durante o ato político, o deputado federal, Valmir Assunção (PT-BA) enfatizou que a demarcação das agrovilas é apenas o início da luta. Para ele, ao mesmo tempo em que a conquista das famílias impõe uma derrota ao latifúndio, também demonstra a viabilidade da luta.

 

“Fazer ocupação e manter a resistência é a forma que o MST encontrou para transformar o mundo”, salientou.

 

O deputado explica que diante do modelo de produção do capital e a destruição do meio ambiente e da vida humana, a luta pela agroecologia e defesa da soberania alimentar se tornam a principal bandeira dos trabalhadores e trabalhadoras. “Temos que potencializar a produção de maneira agroecológica”, completa Assunção.

 

*Editado por Solange Engelmann