150 toneladas de produtos serão comercializados na VIII Feira da Reforma Agrária no RJ

Na feira também é possível encontrar alimentos in natura, fitoterápicos, fitocosméticos e artesanatos
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Por Maria Terra
Da Página do MST 

O Largo da Carioca amanheceu em alvoroço nesse dia 05 de dezembro. Além dos trabalhadores e trabalhadoras que passam diariamente a caminho do trabalho ou na volta pra casa, dezenas de produtores e produtoras, vindos de diferentes partes do estado do Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais e São Paulo, ocuparam o largo para a realização da VIII Feira Estadual da Reforma Agrária Cícero Guedes, que fica até a próxima quarta-feira (07).

Aos poucos, a grande barraca branca, armada durante o final de semana, se enchia de cores dos produtos derivados da agricultura familiar camponesa dos Assentamentos de Reforma Agrária, do Movimento Sem Terra. Além desses produtos, que estão expostos, prontos para serem comercializados, o evento conta com diversificadas apresentações culturais e debates, que terão como tema a importância da alimentação saudável no Brasil e no mundo.

Durante os três dias serão comercializados cerca de 150 toneladas de produtos, entre alimentos in natura e industrializados, fitoterápicos, fitocosméticos e artesanatos. A Editora Expressão Popular traz pouco mais de 290 títulos de livros, com temas que variam entre produções literárias e diversas outras questões políticas. Destes, 200 levam o selo da própria editora e os demais, de editoras parceiras.

A Culinária da Terra, que em outros espaços é conhecida pelo nome genérico de cozinhas regionais, também se faz presente através da comercialização de pratos típicos preparados pelos próprios produtores e produtoras da Feira.

Apenas na parte da manhã de hoje, já passaram pelo espaço centenas de pessoas para visitar, comprar e apreciar as apresentações culturais. Hoje o grupo Sambachoro presenteou os visitantes com uma emocionante apresentação de chorinhos. 

A diversidade dos alimentos oferecidos surpreende os que passam pela Feira: quantas vezes pensamos nas possibilidades de arroz para além do branco? Pois existem! E na Feira é possível encontrar alguns deles, como o arroz vermelho, o integral, o parboilizado e outros, além de diversos sabores de sucos integrais, legumes, frutas, polpas de frutas, produtos derivados de cana-de-açúcar (açúcar mascavo, melado, rapadura), ervas medicinais, entre outros. 

A agroecologia é um dos princípios que regem a Feira Estadual Cícero Guedes, por isso, a maioria da produção já é agroecológica. O trabalho que vem, aos poucos, sendo pensado e construído está na perspectiva de transição do modelo convencional de agricultura para o modelo que preserve o meio ambiente e o ser humano, visando garantir, sobretudo, a segurança e a soberania alimentar dos agricultores e da sociedade.

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História da Feira

A Feira foi batizada de “Cícero Guedes” em 2013, em homenagem ao agricultor e militante do MST assassinado por pistoleiros no dia 25 de janeiro do mesmo ano, nas proximidades da Usina Cambahyba, no município de Campos dos Goytacazes (RJ).

Além de uma grande liderança na luta pela Reforma Agrária, Cícero Guedes era considerado uma referência em conhecimento agroecológico, por conta das técnicas agrícolas sustentáveis que utilizava em seu lote no Assentamento Zumbi dos Palmares,  tendo sido também um importante colaborador de vários projetos de pesquisa e de extensão da Universidade Estadual do Norte Fluminense.

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Lei Municipal nº 5.999/2015 – Patrimônio de Interesse Cultural

Desde o ano passado a Feira se tornou evento oficial do município do Rio de Janeiro. A partir da iniciativa do vereador Renato Cinco (Psol), a lei foi aprovada e “reconhece como de interesse Cultural e Social para o Rio de Janeiro a Feira Estadual da Reforma Agrária Cícero Guedes”.

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Ato oficial de abertura

Em alguns instantes, acontece o ato de abertura oficial da Feira. Diversas entidades e movimentos sociais vêm saudar a oitava edição do evento e reforçar a importância da organização de momentos de resistência na discussão de outra alimentação possível, como é o caso desta Feira.

 “A Feira é um momento, principalmente, de celebração da produção de alimentos nos assentamentos de Reforma Agrária no Rio de Janeiro”, afirma Nivia Regina, da coordenação do MST no estado do RJ.
Segundo Amanda Matheus, da Direção Estadual pelo Setor de Formação do MST-RJ, “a principal motivação da construção e realização da Feira como um todo e do ato em específico, é a perspectiva de resistência que eventos como esse proporcionam no âmbito da classe trabalhadora, tanto do campo como da cidade”.

“Na mística de abertura, além de ressaltar a importância dessa resistência, homenagearemos o grande lutador e revolucionário cubano, Fidel Castro, falecido no último dia 25 de novembro”, finaliza Amanda.