Juiz agrário de SC autoriza dissecação de plantio em acampamento

O acampamento tem aproximadamente 62 famílias acampadas e elas dependem desse plantio para sobreviver no próximo período

 

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Por Fábio Reis
Da Página do MST

Próximo de completar dois anos e meio, o acampamento Kide em Abelardo Luz em Santa Catarina, recebeu mais uma surpresa. Nesta segunda-feira (5), chegou o comunicado do Juíz Agrário no estado para cortar as plantações. São cerca de 320 ha plantados, entre milho, feijão e alimentos para subsistência.

O documento alega que as famílias arrendam as terras. Porém, o que ocorre é que ao não ter condições para fazer o plantio elas contrataram os serviços de hora máquina com o objetivo de pagar com o retorno da safra. Algumas dessas famílias acampadas são filhos de assentados, e os mesmos emprestaram os tratores, já outros são filhos de pequenos agricultores na região, como por exemplo, o jovem Osvaldo da Costa.

Osvaldo comenta que desde o início as famílias dividiram o espaço de plantio e chegaram a um consenso de quantos ha cada um conseguiria plantar. Muitos plantaram de 5 a 10 ha e como tinha dificuldades com os maquinários acabaram conseguindo emprestado.

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O acampamento tem aproximadamente 62 famílias acampadas. Elas aguardam uma resposta, pois dependem desse plantio para sobreviver no próximo período.

Daniel da costa, filho de assentado comenta que a destruição dos plantios é a mesma coisa que matar o sonho de muitas crianças que vivem no acampamento, pois esse pedaço de terra é a única alternativa que elas têm para viver. E finaliza, “essa ordem causou um medo muito grande nas famílias, principalmente nas mulheres e crianças que ficaram muito abaladas com a incerteza do amanhã.”

Na última audiência foi acordado um prazo de mais seis meses para Kiko Alécio, que reivindica a posse da área, apresentar todas as documentações necessárias. Até o momento não foi comprovado que ele é o real proprietário e os documentos apresentados foram rejeitados. Na mesma reunião também ficou acordado que as famílias teriam apenas 08 ha para plantar. Uma vez que, excedeu o prazo e nada foi feito, as famílias plantaram toda a área porque não é possível 62 famílias sobreviverem com apenas oito hectares.