Sem Terra desenvolvem permacultura em acampamento no Rio Grande do Sul

Técnica é realizada por meio de projeto em Charqueadas, na região Metropolitana de Porto Alegre
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Fotos Catiana de Medeiros 

 

Por Catiana de Medeiros
Da Página do MST 

A agroecologia e a permacultura já fazem parte da vida de acampados do MST no Rio Grande do Sul. No Acampamento Dom Tomás Balduíno, em Charqueadas, na região Metropolitana de Porto Alegre, famílias Sem Terra estão construído uma casa de barro, que vai auxiliar na organização da área de cerca de 1,5 hectare, onde contém, além de barracos de lona preta, muita mata nativa e diversidade de produção.

Fruto do projeto Agroecologia, Alimentação Saudável e em Defesa da Vida, a casa de barro é financiada pelo Fundo Socioambiental CASA e tem o apoio técnico do MST e do Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras por Direitos (MTD). Conforme o agroecólogo Antônio Prestes Braga, que acompanha as famílias em atividades voltadas à agricultura desde o ano passado, a iniciativa têm dois objetivos principais: gerar consciência e renda aos camponeses.

“Queremos que eles, ao conquistarem os seus lotes, já possam praticar com autonomia a agroecologia e a permacultura, organizando o seu espaço e a produção sempre em harmonia com a natureza”, explica.

A obra tem formato octogonal e servirá para guardar biofortificantes naturais e ferramentas adquiridas através do projeto, como pá, motosserra, carrinho de mão, furadeira, martelo e baldes. Ela gera e gera grande expectativa nos acampados e está sendo construída por etapas, desde outubro do ano passado, com base em técnicas que utilizam tijolo de barro, taquara, restos de madeira e grama seca.

“É uma experiência diferente, uma novidade boa para nós, e será muito útil para a organização do nosso acampamento”, conta a acampada Olides de Oliveira.

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Oficinas

Integrando ações do projeto, as famílias participaram de cinco oficinas para estudo do Programa Agrário do MST, visitas em assentamentos de Nova Santa Rita, na região Metropolitana, e à Feira Ecológica do Parque da Redenção, em Porto Alegre. O intuito é apresentar aos agricultores experiências de produção de alimentos saudáveis que estão sendo desenvolvidas, como viveiros de mudas orgânicas, hortas e criação de aves e suínos.

Os acampados também receberam formação sobre o papel dos animais na agroecologia e a nutrição de plantas a partir de extratos fermentados, que contêm como matéria-prima água da chuva, urtigas, samambaia, cavalinha ou confrei.

“A ideia é que eles compreendam que potássio, nitrogênio e fósforo, comuns no pacote do agronegócio, não são suficientes para a boa nutrição das plantas. Elas também precisam de zinco, magnésio, cobre e outros nutrientes para se tornarem resistentes aos ataques do insetos e fungos”, argumenta Braga.

Segundo o agroecólogo, o produto será utilizado na horta coletiva do acampamento, onde é produzido batata, milho, couve, alface, temperos verdes e chás aromáticos e medicinais, e também será fabricado pelas famílias para comercialização e, consequente, obtenção de renda.

“O projeto está cumprindo seus objetivos, principalmente no que diz respeito à geração de consciência. Muitos já pensam em construir casa de barro em seus futuros lotes, e saber que eles querem levar a diante a agroecologia e a permacultura é muito gratificante”, conclui.