Em MG, mulheres ocupam fazenda de Eike Batista

​“Se há um rombo, ele é causado pelas elites, pelo capital. Estes são os verdadeiros caloteiros e corruptos. Nós, trabalhadoras deste país, não vamos pagar essa conta”

 

Por Geanini Hackbardt
Da Página do MST 

Na manhã deste 8 de março mulheres do MST de Minas Gerais ocuparam a Fazenda Santa Teresinha, em Itatiaiuçu, Minas Gerais. A área, abandonada há seis anos, pertence ao empresário Eike Batista, preso  por pagamento de 52 milhões de reais em propina para o ex-governador do Rio Janeiro, Sérgio Cabral 

 

Jornada de Lutas

A ocupação integra a Jornada Nacional de Lutas das Mulheres. Com o lema “Estamos todas despertas, contra o capital e o agronegócio, nenhum direito a menos”, as mulheres do MST denunciam a relação entre o sistema capitalista, a corrupção e as reformas propostas pelo governo de Michel Temer.

“Empresas criminosas como a Vale e empresários corruptos como Eike Batista recebem milhões em benefícios do Estado. Mesmo assim sonegam impostos, devem ao INSS, corrompem a democracia. Agora o governo quer dizer que há um rombo no INSS e tenta tirar ainda mais de quem não tem”, explica Ester Hoffmann, da Direção Nacional do MST.

“Se há um rombo, ele é causado pelas elites, pelo capital. Estes são os verdadeiros caloteiros e corruptos. Nós, trabalhadoras deste país, não vamos pagar essa conta”, reitera a dirigente.

Meio Ambiente

Os três mil hectares improdutivos irão abrigar cerca de 300 famílias acampadas, gerar trabalho e renda. A MMX, empresa da qual Eike é acionista, adquiriu as terras para fazer um “Termo de Ajusta de Conduta” exigido pelo Ministério Público. Trata-se de uma medida compensatória pelos danos ao meio ambiente causado por suas atividades.

No entanto, apenas 600 hectares eram destinados à reserva. A coordenadora do MST, Mirinha da Silva, afirma a intenção do movimento em continuar preservando a área. “Ao contrario do modelo destruidor da mineração e do agronegócio, nós, por princípio, cultivamos a agroecologia, um modelo baseado na relação de respeito, cuidado e equilíbrio da comunidade com a natureza. Aqui nós vamos plantar sem venenos e vamos gerar empregos para o povo de Itatiaiuçu, assolado pela crise da mineração”, garante a coordenadora.

Para Mirinha da Silva, a Reforma Agrária é uma alternativa à classe mais afetada pela crise generalizada que o Brasil enfrenta. “A volta ao campo representa uma esperança a todos aqueles que sofrem com o desemprego, a falta de moradia e são esmagados pela violência das cidades”.