Diversidade e luta marcam entrega do Título de Cidadã Baiana à Eliana Rolemberg

A simbologia do mês de março também esteve presente durante as homenagens, acordado por todos e todas como uma data oportuna para reafirmar a luta das mulheres
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Por Coletivo de Comunicação do MST na Bahia

Ao lado de organizações e movimento sociais, onde militou em defesa da democracia e dos direitos humanos, Eliana Rolemberg, além de socióloga é uma ativista social comprometida com a luta popular e com a soberania do Brasil. Vítima da repressão ditatorial de 64, sua história e contribuição política são fontes inesgotáveis de aprendizados.

Foi pensando nisso e com a bandeira do MST e do Movimento dos Pescadores e Pescadoras Artesanais, que Eliana recebeu em mãos o Título de Cidadã Baiana numa sessão especial requerida e presidida pela deputada estadual Neuza Cadore (PT), nesta quinta-feira (16), na Plenária da Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA).

Com simplicidade e sentimento de coletividade, Rolemberg recebeu homenagens dos familiares e, principalmente, dos companheiros e companheiras de luta, dividindo assim, o desejo de construir uma sociedade sem explorados e exploradores.

 

Segundo Cadore, se a democracia é um substantivo feminino, Eliana é sinônimo de luta, engajamento e compromisso com a justiça social. “Você é exemplo de resistência feminina”.

“A sua história é marcada por sonhos e muita luta, que teve início durante o processo ditatorial, com sua prisão em 1970 e o exílio na França, onde foi separada de sua filha de alguns meses”, contextualizou.

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Militância nas organizações

Após exílio e ao voltar para o Brasil, Rolemberg começa atuar no Centro de Estudos e Ação Social (CEAS) e depois na Comissão Pastoral da Terra (CPT). Em 1983, trabalha aproximadamente por 30 anos na Coordenadoria Ecumênica de Serviço (CESE). Ambas com sedes na capital baiana.

A partir disso, contribuiu na Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais (Abong), onde desde 2011, engrossa as fileiras da luta por um novo Marco Regulatório da Sociedade Civil.

Foi neste contexto, que se aproxima dos Movimentos Populares e da luta dos povos de terreiro. Público este, que marcou presença na sessão especial com suas bandeiras de luta e musicalidade ancestral.

Rubens Cerqueira, da CPT, destacou que Rolemberg é uma cidadã do mundo e seu comprometimento com um projeto de sociedade igualitário e que respeite a diversidade são inspirações. “Suas lutas e trajetória representam a CPT”.

Já Marizélia Lopes, pescadora, mais conhecida como Nega, afirmou que a história da homenageada representa, na prática, a existência de uma pluralidade no Brasil através do reconhecimento dos povos, “se somando as nossas lutas e construindo um projeto popular”, salientou.

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Um mês memorável

A simbologia do mês de março também esteve presente durante as homenagens, acordado por todos e todas como uma data oportuna para reafirmar a luta das mulheres.

Pensando nisso, Rolemberg, em sua fala, dedicou a homenagem às companheiras de luta e aos desaparecidos e mortos durante a ditadura no Brasil. Além disso, afirmou que esse é o momento que precisa ser denunciado a perca de direitos e a criminalização das lutas.

“Precisamos falar dos projetos golpistas que estão sendo implementados, pois compreendo esse momento não como uma homenagem, mas sim, como um ato político e coletivo”, disse, e continuou, “a Escola Sem Partido, Reforma da Previdência e Trabalhista tramitam no Congresso Nacional com velocidade e nossa tarefa é ocupar às ruas contra tais medidas”.

“A homenagem que precisamos está no campo da mudança. E começaremos mudando esse cenário político e construindo dias melhores para todos nós. Vivemos um golpe e 64 não pode se repetir”, comentou ao relembrar da repressão policial vivida por ela.

Tendo a diversidade de vozes em marcha, a unidade nos enfrentamentos e a luta como fios condutores da revolução, Rolemberg destacou que os Movimentos e Organizações Sociais precisam seguir em frente, sem medos. Pois o futuro está nas mãos de cada trabalhador e trabalhadora.