Unesp recebe a Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária

Atividade debateu "a atualidade da luta pela Reforma Agrária no Brasil e os efeitos do golpe de estado para os trabalhadores e trabalhadoras do campo
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Por Leonardo Fernandes
Da Página do MST

 

O debate “A Atualidade da Luta pela Reforma Agrária” lotou o auditório da Unesp – Campus Sé – na noite desta quarta-feira (19), em São Paulo. Estudantes da Escola Nacional Florestán Fernandes, da própria Universidade Estadual Paulista, e professores participaram do debate que integrou a Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária, que ocorre em todo o país entre os meses de abril e maio.

A atividade começou com uma apresentação do Coletivo de Agitação e Propaganda do MST contra a Reforma da Previdência e convocando para a Greve Geral, marcada para o próximo dia 28 de abril.

Em seguida foram chamados para contribuir com o debate a professora de Direito Internacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Caroline Proner, o geógrafo e professor da Unesp, Bernardo Mançano, e o dirigente nacional do MST, João Pedro Stédile.

Caroline Proner abordou as diversas iniciativas jurídicas usadas pelo governo golpista de Michel Temer para atacar os trabalhadores brasileiros, sobretudo os trabalhadores do campo. Ela ainda falou sobre a crescente criminalização dos movimentos sociais, e destacou os casos de militantes e lideranças políticas do MST presos nos estados de Goiás e Paraná, sob a acusação de organização criminosa, além da invasão ilegal à Escola Nacional Florestán Fernandes, em novembro de 2016.

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“Nos comprometemos em fazer a denúncia e lutar pela liberdade dos presos políticos do MST, em lutar pela Reforma Agrária no Brasil, repudiar a criminalização dos movimentos sociais. Nos insurgimos contra o fechamento do Ministério do Desenvolvimento Agrário e também contra a MP que paralisa a Reforma Agrária e que legaliza a grilagem de terras públicas na Amazônia e facilita a privatização dos assentamentos. Repudiamos a lei que permite a venda de terras ao capital estrangeiro, e de igual maneira, repudiamos a reforma da Previdência, que precariza ainda mais as condições dos trabalhadores rurais”, declarou Proner, representando a Frente Brasil de Juristas pela Democracia.

O professor Bernardo Mançano destacou a importância das Jornadas Universitárias para estabelecer a relação necessária entre a comunidade acadêmica e a luta pela Reforma Agrária. “A JURA é um espaço de diálogo muito importante, para que nós possamos debater com a sociedade a importância da Reforma Agrária nesse momento em que ela está sendo negada por esse governo, e em que ela se mostra um desafio enorme para as lutas populares. Então a JURA se transforma em um espaço de referência para que cada vez mais pessoas se engajem nessa causa”, disse.

Por sua parte, o dirigente nacional do MST, João Pedro Stédile, destacou os desafios do movimento camponês na luta pela Reforma Agrária e na resistência aos desmontes aplicados pelo desgoverno produto do golpe de estado. Desta maneira, fez um chamado aos trabalhadores do campo e da cidade para se somarem à Greve Geral, convocada para a sexta-feira (28) e defendeu a realização imediata de novas eleições.

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Sobre a relação entre o movimento camponês e a comunidade acadêmica, Stédile explicou que “o MST sempre teve a convicção de que qualquer mudança na sociedade deve conjugar a mobilização popular, a organização do povo para que ele lute por essas mudanças, aliado ao conhecimento científico. Nesse sentido,a universidade deve, sobretudo, buscar resolver os problemas do povo”. E aproveitou para saudar os professores engajados na construção das JURAs. “Cumprimentamos a iniciativa dos professores que constroem junto com o MST estas Jornadas Universitárias porque isso nos permite fazer um amplo debate com as universidades sobre as questões e as necessidades do campo”.

Nesse ano, mais de 70 atividades da Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária foram realizadas em universidades, escolas e institutos de educação de 23 estados do Brasil.