“Superar o modelo do Agronegócio é possível e necessário”

A educação no processo de agroecologia como auxílio aos professores no debate sobre o modelo de agricultura dentro do currículo escolar.
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A luta pela alimentação saudável passa também pela consolidação de um modelo de educação que valorize o debate sobre a produção alimentar no país. Foto: Leandro Taques

 

Por Leonardo Fernandes
Da Página do MST

A luta pela alimentação saudável passa também pela consolidação de um modelo de educação que valorize o debate sobre a produção alimentar no país. Nesse sentido, a Escola Popular de Agroecologia e Agrofloresta Egídio Brunetto, localizada na cidade baiana de Prado, vem desenvolvendo um trabalho de formação direcionado a professores da rede básica de ensino, com o objetivo de introduzir o tema da agroecologia no currículo escolar desenvolvido no campo.

A escola elaborou um material didático “voltado para a educação básica, no qual apresenta uma proposta de currículo em agroecologia desde a educação infantil até o Ensino Médio e EJA”, explica a coordenadora do projeto, Eliane Oliveira.

Segundo ela, o caderno de formação &”39;Agroecologia na Educação Básica&”39; é resultado de um criterioso processo de debate, que envolveu professores, especialistas em educação e em agroecologia, além dos trabalhadores e trabalhadoras do campo.

“Foram organizados entre 2014 e 2016 seminários e curso de formação continuada para um grupo de 40 educadores e coordenadores pedagógicos. No ano de 2015, aprovou-se o currículo em agroecologia para a educação do campo em dois municípios da região, Santa Cruz Cabrália e Alcobaça. A partir dos seminários e cursos e através de uma assessoria técnica da área da agroecologia e experiência docente dos educadores, foi possível construir uma proposta curricular”.

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Caderno de formação &”39;Agroecologia na Educação Básica&”39;

Lançado em fevereiro de 2017, o caderno está disponível para ser usado como forma de pesquisa sobre a concepção da agroecologia e seus fundamentos, e traz também sugestões de conteúdos para serem trabalhados nas diferentes fases da educação básica. “Esse material subsidia os educadores com textos de referência na área da agroecologia, educação ambiental, cooperação agrícola e soberania alimentar. Ao mesmo tempo, dá autonomia ao processo de estudo, orientando-os a aprofundarem suas buscas a partir de uma bibliografia comentada”, afirma Oliveira.

A Escola Popular de Agroecologia e Agrofloresta Egídio Brunetto desenvolve desde 2013 processos de formação e capacitação com educadores através de cursos, campanhas nas escolas contra o uso de agrotóxicos e atividades socioambientais com os educandos. Além do trabalho voltado à promoção da agroecologia, a escola também apoia e coordena ações de erradicação do analfabetismo, através do método cubano de alfabetização ‘Sim, eu posso!’.

Superar o modelo do Agronegócio é possível e necessário

Os esforços do MST para a superação do modelo predatório do Agronegócio envolve a luta cotidiana pelo direito à terra, a realização prática do do modelo agroecológico de produção de alimentos, além da conscientização das massas sobre a importância da agroecologia e da agricultura familiar para a garantia de alimentos saudáveis nas mesas dos brasileiros e brasileiras.

“Precisamos superar este modelo do agronegócio reconstruindo um processo comum de evolução social e ecológica, entre ser humano e natureza. É nesse sentido que a agroecologia, possui papel decisivo, uma vez que possui um sujeito claro de sua práxis – o campesinato – e incorpora a ecologia à produção agropecuária”, defende Nívia Regina da Silva, da Direção Nacional do MST.

Segundo ela, fazer este caminho é pensar ações internas e externas ao sistema produtivo como processo contínuo, multilinear e crescente no tempo: internamente é preciso fazer a substituição dos insumos químicos sintéticos e externos ao sistema, realizar o manejo da agrobiodiversidade, e redesenhar os sistemas produtivos. Externamente, é preciso estimular a consciência pública, organizar os mercados e a infraestrutura, promover relações institucionais (pesquisa, ensino e extensão), formular políticas públicas integradas e sistêmicas. Desta forma é possível construir a produção alimentos saudáveis de alto valor biológico, cultivados em agroecossistemas cheios de vida, livres de agrotóxicos e transgênicos.

Leia a seguir a quinta matéria do especial “Agrotóxicos no Brasil: Impactos e resistência popular”:

Mais de duas mil pessoas morreram por uso de agrotóxicos no Brasil nos últimos anos

 

*Editado por Iris Pacheco
**Este material integra o conjunto de reportagens do Especial para o site do MST: “Agrotóxicos no Brasil: Impactos e resistência popular”, como forma de apontar a importância da produção e consumos de alimentos saudáveis, bem como. compreender o processo de interesses políticos que está envolvido neste contexto.