Uma saúde feita pelo povo e para o povo é possível

1º Curso Regional de Auriculoterapia Popular foi realizado entre os dias 20 e 22 de maio, na Escola Técnica do Campo Luana Carvalho, localizada no Assentamento Josiney Hipólito, em Ituberá, na Bahia.

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Por Coletivo de Comunicação do MST na Bahia
Da Página do MST

 

Resgatar o conhecimento das plantas medicinais e as práticas naturais, relacionando-as à medicina oficial, são tarefas que o MST, em parceria com um campo vasto de profissionais da saúde e movimentos populares, compreende como parte indispensável para a construção de uma saúde popular.

Feita pelo povo, através dos conhecimentos passados de geração em geração, e para o povo, para que todos possam ter acesso, o conceito de saúde popular foi o norteador do 1º Curso Regional de Auriculoterapia Popular, realizado de 20 a 22 de maio, na Escola Técnica do Campo Luana Carvalho, localizada no Assentamento Josiney Hipólito, em Ituberá, no Baixo Sul da Bahia.

A atividade contou com a participação de 40 pessoas, entre elas, funcionários do Sistema Único de Saúde (SUS), estudantes da área e, em sua maioria, militantes do MST e trabalhadores da Escola do Campo.

Uma das tarefas do espaço foi impulsionar a criação do primeiro posto de saúde, inaugurado em um assentamento de Reforma Agrária na região.

O que é auriculoterapia?

O curso provocou muitos debates, desde o campo teórico sobre o modelo de saúde defendido pelo MST, até os aspectos técnicos que envolvem a auriculoterapia. Dessa forma, foi possível experimentar e vivenciar uma proposta alternativa e complementar de tratamento, que historicamente vem sendo negligenciada da medicina tradicional.

 

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A técnica é baseada na ideia de que a orelha é um microssistema, que representa o corpo inteiro no pavilhão auricular, ou seja, trata-se de um tratamento através da orelha. Para isso, é necessário trabalhar com a modalidade de reflexoterapia.

Essa estimulação auricular pode ser feita com agulhas, sementes de mostarda, objetos metálicos ou magnéticos em pontos específicos para aliviar dores ou tratar diversos problemas físicos ou psicológicos, como ansiedade, enxaqueca, obesidade ou contraturas, por exemplo.

Além disso, ajuda a diagnosticar e a prevenir algumas doenças através da observação dos pontos específicos da orelha que se encontram alterados.

Uma técnica que inspira a luta

Com bases na medicina chinesa, a auriculoterapia, como nos conta Seth Hague, do coletivo de saúde do MST na Bahia, teve início na Revolução Cultural Chinesa, de 1966 a 1976. Nesse período, Mao Tsé-tung resgatou a história e a técnica da acupuntura para resolver um problema de saúde pública instaurado no país, a barriga d’água. Foi a partir disso, que um grande processo de mobilização aconteceu para garantir tratamento ao povo, conhecido como “Acupunturistas Descalços”.

Para Seth, esses aspectos da popularização da medicina se encaixa com as bandeiras de luta que o MST defende. “Colocar uma semente na orelha tem a mesma simbologia da ocupação do latifúndio, da marcha, da resistência, dos enfrentamentos as desigualdades”.

 

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“Precisamos entender como o ser humano reflete a natureza e como a natureza dá retornos a esses reflexos. Trabalhar com saúde dentro do MST e, a partir disso, construir mecanismos que capacite o povo a aprender em sua própria história é essencial”, explicou.

Nesse sentido, Camila Goes, também do coletivo de saúde do movimento, disse que a saúde popular é poder construir mecanismo que garantam novas relações e que a saúde possa ser de todos, pelo e para o povo, sem esquecer dos profissionais da área.

“Alinhar o conhecimento popular com o técnico é de extrema importância. Uma coisa está vinculada diretamente a outra, superando a ideia de supremacia e horizontalizando a tarefa do cuidado que é de todos e para todos”, enfatizou Goes.

Projeções

No último dia do curso, a turma ocupou o posto de saúde do assentamento e hoje possuem uma sala onde atendem pacientes através da técnica auriculoterapica, que já se tornou um dos serviços mais procurado na comunidade.

 

*Editada por Leonardo Fernandes