Começa o III Acampamento da Juventude da Via Campesina em Rondônia

Mais de 150 jovens camponeses, Sem Terra, indígenas e atingidos por barragem se reúnem por quatro dias na cidade de Ouro Preto.

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Por Adilvane Spezia
Da Comunicação do III Acampamento da Via Campesina-RO

 

Com muita música, mística e animação, a juventude da Via Campesina em Rondônia iniciou na tarde da última sexta-feira (2), seu III Acampamento, na sede do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado de RO (SINTERO), na cidade de Ouro Preto, oeste do estado.

São mais de 150 jovens camponeses, Sem Terra, indígenas e atingidos por barragens, vindos de todas as regiões de Rondônia, além de representações do Mato Grosso, Pará e Santa Catarina, que durante os quatro dias de atividades, irão debater os impactos do agronegócio na juventude e no meio ambiente, as reformas da Previdência e trabalhista e a luta pelas Diretas Já.

 

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A mesa de abertura foi composta pela juventude que teve a tarefa de apresentar suas organizações e lutas. Florenildo Macedo da Mata, da Comissão Pastoral da Terra (CPT), falou sobre o modelo de educação. “A escola que temos hoje não deixa as crianças e os jovens abrirem suas mentes. É um quadrado que não deixa sonhar com dias melhores, mas aqui é nosso espaço, e esse acampamento será uma grande escola, para que possamos sair com a mente mais aberta do que já temos”.

A jovem camponesa do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Edilaine Santos Barros, destacou a origem do movimento e a conjuntura que o país vivia, bem como as lutas travadas pelo movimento deste então, sobretudo a participação da juventude na sua construção. “Como um novo marco histórico na caminha do MPA estão a Aliança Camponesa e Operária por meio do Alimento Saudável e o Mutirão da Esperança Camponesa. Estamos na luta desde sempre e para sempre vamos continuar”, afirmou.

Francisco Kelvim Nobre da Silva, jovem militante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), afirmou que “o MAB nasce a partir das contradições do modelo energético. E esse momento é muito delicado. E entretanto, como dizia Mao Tsé Tung, “quando tudo sob o céu está mergulhado no caos, a situação é excelente’. “A juventude tem papel central nas lutas contra os golpes. Não podemos deixar que esse governo, que deu o golpe, que é financiado pelo imperialismo e pelo agronegócio, siga no poder, ou escolha outro para tal. Por isso, Diretas Já”.

Por sua vez, Virginia Miranda de Souza, do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), enfatizou o momento histórico do surgimento da organização. “O CIMI nasce ainda no período da ditadura militar, quando vários povos indígenas foram dizimados, não apenas quanto sujeitos, mas como entidade também”.

A representante do CIMI também falou sobre a demarcação de terras, as lutas dos povos indígenas, que em muito se assemelha com a dos camponeses. “A luta é igual dos indígenas e camponeses. É muito importante que a juventude do campo e indígena se unam”. Destacando ainda o desmone da educação camponesa e endígena e a implantação do EMITEC (Programa de Ensino Médio com Intermediação Tecnológica) no estado de Rondônia.

“Quando falamos da luta pela terra, os primeiros a lutar pela terras foram os indígenas e a prova disso é que estão ai, mais de 500 anos de resistência, mesmo depois de anos de massacres, seguimos. Para termos uma ideia, em Rondônia há 60 povos indígenas e apenas 20 deles têm áreas demarcadas. Hoje, são mais de 100 PECs e PLs para retirar os direitos dos povos indígenas, são muitas mesmo”, afirmou Virginia.

 

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Beatriz Santos Buffon, jovem militante do MST, relembrou que “o MST se constitui como movimento nacional em 1984, com o objetivo de organizar os trabalhadores sem-terra para lutar pela Reforma Agrária”. Segundo ela, é preciso produzir alimentos saudáveis a preço justo para os trabalhadores da cidade, e as feiras cumprem esse papel como forma de venda direta. “A Reforma Agrária não está na pauta desse estado burguês, então a gente precisa construir uma Reforma Agrária Popular e ela só e sustentada por quem faz”, destacou.

Representando a Via Campesina, Carlos Frederico Santana (Fredi) falou sobre o surgimento da Via em 1993 como uma demanda das organizações do campo em todo mundo. “A Via Campesina nasce com o objetivo de unificar a luta internacional contra o imperialismo que se apresenta nas mais diversas facetas e frentes em cada país. No Brasil, 15 organizações do campo em todos os estados fazem parte da Via Campesina. A nível internacional, está presente em 88 países, divididos em 10 grandes regiões, em 4 continentes, o que contempla 183 organizações”.

O acampamento é organizado pelos movimentos que compõe a Via Campesina no estado, entre eles CIMI, MAB, MST, MPA e CPT. A programação do III Acampamento da Juventude contempla mesas de debates, rodas de conversas, oficinas, integração e espaços culturais, comoo parte da Jornada Nacinal “Juventude em Luta Permanente: o Agronegócio Destrói o Meio Ambiente”, que está sendo realizada de 1º a 5 de junho deste ano, 2017, Dia Nacional do Meio Ambiente.

 

*Editado por Leonardo Fernandes