Acampamento Frei Henri em resistência permanente

As famílias desejam uma solução pacífica para o conflito posto.

 

 

Por Viviane Brígida
Da Página do MST

 

Após a decisão dos trabalhadores rurais de ocuparem a sede da Fazenda Fazendinha em Curionópolis, Sudeste do Pará, na última segunda-feira (19), as famílias e lideranças vêm sofrendo ameaças, intimidações e criminalização. Em nota (leia aqui), foi ressaltada a intenção de permanência das famílias, que há sete anos buscam soluções, mas o cenário continua o mesmo.

Tensão e clima de iminente de conflito ocorre na região, especialmente contra o acampamento Frei Henri. “Neste momento as famílias vivem um cerco dos fazendeiros e com apoio da polícia militar do Estado, como há 21 anos, na mesma região em que aconteceu o massacre de Eldorado dos Carajás, os crimes do latifúndio assolam há anos e com conhecimento das autoridades”, afirma a coordenação Estadual.

Polícia Federal, Polícia Militar e Civil se encontram na região. As famílias desejam uma solução pacífica para o conflito posto. Diferentemente do que os fazendeiros divulgam com amplo apoio dos meios de comunicação, o acampamento Frei Henri, na PA-275, se tornou um palco de resistência permanente. As famílias decidiram que só recuarão mediante o cumprimento de três medidas anunciadas em diversas reuniões com os órgão públicos:

1) A retirada no Incra SR 27 de possibilidade de permuta da área, visto que seja cumprida a liminar de despejo do Fazendeiro da área;

2) Para que isso ocorra, a PF e PM estipularem uma data pra fazer cumprir o mandato de despejo do fazendeiro e tomarem posse da área pública da União, legitimada e comprovado através de laudos já realizados.

3) Que as forças de segurança do Estado garantam a segurança das famílias e possam manter a presença do caseiro da Fazenda com a presença e acompanhamento do ouvidor agrário.

O Movimento desmente a falácia propagada pelos latifundiários. O MST, legítimo movimento social de luta por Reforma Agrária no Brasil, quer garantir que famílias Sem Terra possam ter acesso às áreas públicas, que segundo a lei, devem ser distribuídas para produção de alimentos e vida digna para milhares de famílias e não monopolizadas ou griladas.

No estado, há comprovadamente terras griladas, altos índices de desmatamento, trabalho escravo e os piores índices de desenvolvimento humano do Brasil além de inúmeros tipos de violência generalizada com campo e na cidade contra os pobres. Diante dessa situação não é surpresa tanto descaso e investimento nas mãos de poucos, é uma vergonha escancarada e maldita que tem suas raízes históricas na desigualdades.

A Página do MST acompanha a situação desde 2014. Entenda o contexto:

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*Editado por Rafael Soriano