MST se soma à Greve Geral da próxima sexta (30)

Movimento Sem Terra se mobiliza em todas as regiões do país contra as reformas trabalhista e da Previdência, pelo Fora Temer e diretas já!

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Por Leonardo Fernandes
Da Página do MST

 

Depois do sucesso da Greve Geral do dia 28/04, quando o Brasil parou contra as reformas do governo ilegítimo de Michel Temer, diversas categorias de trabalhadores devem cruzar os braços novamente na próxima sexta-feira (30).

A convocatória da greve partiu das centrais sindicais e de movimentos populares que se agrupam nas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo e já conta com a adesão de diversas categorias.

Kelly Mafort, da Direção Nacional do MST, explica porque o movimento se soma a esta convocação. “Essas reformas têm a ver com a conjuntura que vivemos no país, de aceleração da perdas de direitos tão agressiva, tão avassaladora, que nos leva a uma condição de profundo retrocesso quase ao tempo da escravidão, como é o caso da reforma trabalhista em relação ao campo”, afirmou, ao fazer referência a uma das medidas incluídas na PL 6442/2016, que tramita no Congresso, e que prevê alimentação e habitação como formas de remuneração ao trabalhador rural.

“Por outro lado – completa – há enormes retrocessos em relação à garantia dos direitos fundamentais, como a organização popular, por meio da criminalização da luta. Estamos acompanhando agora mudanças na chamada lei antiterrorismo, justamente no ponto que protegia os movimentos populares”, chamando a atenção para o estado de exceção que se instaura no país.

Segundo a dirigente Sem Terra, apesar do governo Temer estar moribundo, ele lutará até o fim pois o objetivo é o desmonte do estado e a aprovação das reformas que retiram direitos da classe trabalhadora. “O governo Temer morreu, só que ele vai lutar até o fim porque ele está a serviço de uma tarefa muito clara do capital, que é a aprovação das reformas. Por isso, estamos com força total para a Greve Geral do dia 30, nos colocando a serviço da construção dessa luta, fazendo trabalho de base, formação, envolvendo o maio número de pessoas, para que nós possamos reverter essa situação”.

Mafort alerta ainda que embora as mobilizações tenham sido multitudinárias, sendo realizadas em quase todos os estados do país, o governo Temer segue de costas para o povo e vai seguir trabalhando para a aprovação das reformas impopulares.

“A única possibilidade de reverter essa situação é com a mobilização popular. As manifestações que já fizemos foram importantes, mas nós temos que fazer essa mobilização crescer ainda mais. A unidade da esquerda, a articulação dos movimentos, das frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, tudo isso é muito importante. Mas ainda é preciso envolver mais gente, toda a sociedade, porque nós estamos diante de um dos maiores retrocessos na história dos trabalhadores e trabalhadoras do Brasil. Por isso é preciso levantar a cabeça e enfrentar essa situação”, afirmou.

Não voltaremos a ser escravos

O PL 6442/2016 tem forte apoio da bancada ruralista no Congresso, o que por si já demonstra que o projeto caminha na direção contrária dos interesses dos trabalhadores rurais, pequenos agricultores e trabalhadores Sem Terra.

Depois de décadas de esforço por combater o trabalho análogo à escravidão, a reforma trabalhista do governo Temer propõe, entre outros descalabros, novas regras no que diz respeito à remuneração, jornada de trabalho, entre outros pontos sensíveis ao trabalhador rural.

Um dos maiores absurdos é a extensão da jornada de trabalho para 12 horas diárias, “ante necessidade imperiosa ou em face de motivo de força maior, causas acidentais, ou ainda para atender a realização ou conclusão de serviços inadiáveis, ou cuja inexecução possa acarretar prejuízos manifestos”, segundo diz o texto.

Outra medida que retrocede os direitos trabalhistas aos tempos da escravidão é a substituição da remuneração dos trabalhadores rurais por alimentação e habitação. Ambas as medidas são atualmente critérios importantes para o enquadramento do trabalho como análogo à escravidão.

São propostas como essas que os camponeses e camponesas Sem Terra de todo o Brasil não logram digerir, e contra elas, realizarão na próxima sexta-feira (30) bloqueios de rodovias, ocupações e mobilizações em todo o país.

Agenda

Em São Paulo, a atividade está marcada para as 16h na Avenida Paulista. Já em Belo Horizonte, Fortaleza e Porto Velho, a manifestação está marcada para o período da manhã, entre 8h e 9h. Na capital cearense, o ato contará com a participação da presidenta Dilma Rousseff.

Em Rio Branco, no Acre, a concentração iniciará às 8h em frente ao Palácio do Governo do Estado, no centro da cidade. Já em Boa Vista, Roraima, os manifestantes pretendem bloquear a Avenida Brigadeiro Eduardo Gomes a partir das 6h. Em Palmas, no Tocantins, a concentração começa às 7h30 na Avenida Juscelino Kubitschek e seguirá até o Palácio Araguaia, sede do governo do estado.

No Pará, estão marcadas mobilizações nas cidades de Belém, Santarém, Altamira, Marabá e Marituba. Na capital paraense, os movimentos populares se reunirão a partir das 11h na Praça da República. Em Altamira, a concentração está marcada às 8h no mercado municipal. Em Marabá, sudoeste do estado, a concentração está marcada para as 7h30 em frente ao estádio Zinho Oliveira. Em Marituba, região metropolitana de Belém, os manifestantes se reunirão às 7h na entrada da Alça Viária.

Outras cidades também têm atos programados. Confira a agenda no site da Frente Brasil Popular.

 

 

*Editado por Rafael Soriano