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“Sem o Banco do Brasil faltará comida na sua mesa”

Alertam trabalhadoras(es) do campo e da cidade em Pernambuco durante o Dia Nacional de Paralisação de funcionárias(os) do Banco do Brasil

Protesto à favor da agricultura familiar e contra o desmonte do Banco do Brasil em Recife (PE). Foto: Acervo MST em Pernambuco

Por Lays Furtado
Da Página do MST

Na manhã da última quarta-feira (10), o Sindicato dos Bancários de Pernambuco, trabalhadoras(es) do Banco do Brasil e o MST distribuíram cerca de 1,5 toneladas de alimentos vindos de assentamentos da Reforma Agrária Popular em protesto contra o desmonte do Banco do Brasil.

O ato aconteceu no centro do Recife (PE), na Praça do Diário, e chamou a atenção da sociedade contra o plano de reestruturação proposto pelo governo que já anunciou a demissão de mais de 5,5 mil funcionárias(os) e o fechamento de 361 unidades.

Com as mudanças do plano de reestruturação, estão sendo extintos diretamente o emprego e a renda de milhares de trabalhadoras(es) bancárias(os), assim como investimentos estratégicos para o desenvolvimento do país, como a produção de alimentos da agricultura familiar, que fica comprometida, e o atendimento à população de modo geral.

Em comunicado do Banco do Brasil, a reestruturação segue “a necessidade de ampliar o atendimento especializado, especialmente o voltado ao agronegócio, que contará com mais 14 agências exclusivas e novos 276 gerentes de atendimento dedicados.”

Dando as mãos para o agronegócio e sem auxílio para pequenas(os) produtoras(es) rurais

Foto: Acervo MST em PE

Com tal perspectiva de investimentos é possível que a nova reestruturação do Banco do Brasil deve transformá-lo em um novo “celeiro do agronegócio”.Ao mesmo tempo, o auxílio para pequenas(os) produtoras(es)  na pandemia foi vetado pelo atual governo, em sanções ao Programa de Atendimento Emergencial à Agricultura Familiar, prescritos na Lei Assis Carvalho nº14.408/20.

Dessa forma, tais medidas políticas e econômicas – que agora tem como alvo o Bando do Brasil – também acarretam em maiores prejuízos para trabalhadoras(es) do campo e sua produção de alimentos.

Isso reflete diretamente na segurança alimentar nacional, que já atingiu seu menor índice desde a primeira vez que os dados foram levantados, em 2004 – segundo dados do IBGE (POF – Pesquisa de Orçamentos Familiares 2017-2018). E interfere nas condições básicas de subsistência da população, assim como, no desenvolvimento nacional e regional do país.

Divulgação: IBGE/POF

De acordo com dados do Censo Agropecuário 2017, estima-se que a maior parte da comida que chega à mesa do povo brasileiro são produzidas por famílias de pequenas(os) agricultoras(es).

Ao todo, são mais de 3,8 milhões de famílias agricultoras, que respondem por 67% da mão de obra ocupada no campo. Representam 77% dos estabelecimentos rurais no país, responsáveis por 23% do valor bruto da produção agropecuária. Além disso, cerca de 90% da economia dos municípios com até 20 mil habitantes dependem do setor.

Neste cenário, o Nordeste é a região com maior proporção de pessoas ocupadas no campo, o que equivale a 46,6% da classe trabalhadora rural. Pernambuco ocupa o estado com a maior porcentagem de estabelecimentos agropecuários da agricultura familiar no país.

Mesmo com expressiva ocupação na produção da agricultura familiar, se estima que dos 3,1 milhões de domicílios com insegurança alimentar grave no Brasil, 1,3 milhão estão no Nordeste (POF 2017-2018). A proporção de insegurança alimentar grave foi de 7,1% nessas localidades, enquanto nas áreas urbanas corresponde a 4,1%.

Contudo, e as crises acumuladas com a pandemia, a vulnerabilidade apresentada nas últimas pesquisas devem se agravar consideravelmente.

*Editado por Fernanda Alcântara