Um caminho possível: produção de alimentos saudáveis e preservação ambiental

Movimentos sociais e populares discutem relação entre campo e cidade, produção de alimentos saudáveis e proteção ambiental em Seminário.

 

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Foto: Mídia Ninja

 

Por Flávia Quirino
Da Página do MST

A questão ambiental e alimentação saudável foram o tema de um Seminário que aconteceu na tarde deste sábado (5), durante a 3ª etapa do Circuito de Feiras da Reforma Agrária do Distrito Federal e Entorno, realizada na Praça do Trabalhador em Ceilândia.

A destinação correta dos resíduos orgânicos foi explorada na fala de Hugo do Vale, do projeto Destino Correto, que incentiva a separação do lixo orgânico no Setor O, em Ceilândia. O projeto iniciou no início deste ano e os resíduos coletados nas residências dos moradores são destinados para compostagem.

A proposta, segundo Vale, é proporcionar uma maior conscientização da população sobre o consumo e sustentabilidade na periferia. No entanto, ainda faltam “políticas públicas que incentivem essa prática e a consequente conscientização da população para a importância da separação dos resíduos”, destacou.

A relação entre campo e cidade, produção de alimentos saudáveis e proteção ambiental também foi destaque nas falas de representantes de movimentos sociais e populares que participaram do Seminário.

“As disputas por terra e território têm se intensificado neste período, principalmente com a ofensiva do Congresso Nacional e do governo golpista. Sem terra e territórios vai embora não só a produção de alimentos, mas toda a biodiversidade. Estamos sofrendo vários retrocessos que vão afetar a relação dos campesinos com a terra, como a ampliação de venda de terras para estrangeiros”, apontou Jarbas Vieira, da coordenação nacional do Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM).

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À esquerda Bruno Pilon, do MPA, á direita Jarbas Vieira, do MAM.
Foto: Mídia Ninja

Para Bruno Pilon, da coordenação nacional do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), a produção de alimentos saudáveis tem que ser acessível à classe trabalhadora e não apenas para ser um nicho de mercado direcionado para uma parcela da população com preços inacessíveis.

“Quando tratamos da questão do meio ambiente e a alimentação saudável, temos que lembrar que camponeses e camponesas têm em sua Genesis a produção de alimentos sem degradação ambiental. Produzimos alimentos saudáveis, com recuperação do meio ambiente, recuperação do solo e temos trabalhado com técnicas de produção de energia para que o campesinato produza energia e tenha uma certa independência do setor energético”.

No Brasil, a agricultura familiar e camponesa é responsável por 70% da produção de alimentos que chega à mesa da população brasileira, ao contrário do discurso propagado pelo agronegócio. A observação é de Iridiani Seibert, da coordenação nacional do Movimento de Mulheres Camponesas (MMC), que também destacou sobre a importância das mulheres na produção de alimentos e alertou sobre os retrocessos com a reforma da previdência, proposta pelo governo golpista de Michel Temer que vai afetar, principalmente, as trabalhadoras e trabalhadores rurais.

A crise hídrica no Distrito Federal que afeta milhões de pessoas nos últimos meses também foi apontada por Iridiani. “A população tem pagado o preço da má gestão hídrica, mas é importante alertar que o agronegócio é o maior consumidor de água potável do país e temos que politizar esse debate e reforçar que não é a população a que mais consome e desperdiça água”.

Já Flávio do Carmo do MST, apontou a necessidade de unir forças para ampliar a defesa do Cerrado e preservar as plantas nativas e medicinais da região.

A Feira vai até este domingo (6) e conta com uma programação recheada de atividades culturais, como música, teatro e o espaço da ciranda infantil para as crianças. Também é possível se deliciar com comidas típicas do cerrado brasileiro. Confira a cobertura