Uma história de luta e resistência em defesa da terra

Aos 73 anos de idade, Maria Sores conta como foi o processo de organização da primeira ocupação de terra do MST na Bahia.

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Por Coletivo de Comunicação do MST/BA
Da Página do MST

 

Maria Soares de Oliveira (73), mineira da cidade de Almenara, completa no dia 07/09 30 anos de militância no MST.

Sua participação na organização teve início quando ouviu falar que um grupo de trabalhadores estava convidando as pessoas que tinham o sonho de lutar por um pedaço de terra para poder morar e trabalhar. “Me identifiquei na hora, porque esse também era meu sonho”, recorda Soares.

Moradora de Itabela, no Extremo Sul da Bahia, Maria acompanhou, ainda que distante, as primeiras articulações construídas em torno da luta pela terra na região, já que o centro do debate era em Itamaraju, a 90 km de onde morava.

Porém, a distância não foi um obstáculo. Ela conta que sempre saia de Itabela para se encontrar com os companheiros e companheiras.

“Depois que eu participei da primeira reunião, já saí de lá com o encaminhamento de fazer novas reuniões, para avançarmos no trabalho de base em Itabela também. Tudo começou de verdade em abril de 1987 e fomos nos organizando até o mês de setembro, dias antes da ocupação da fazenda 4045, a primeira do estado”.

Nesse período de organização das famílias, Maria destaca que as dificuldades foram muitas. “Faltava educação, atendimento médico e alimentação, até mesmo para fazer a ocupação, porque as pessoas não acreditavam que podia dá certo. Muitos pensavam que seria uma luta que não renderia resultados”.

“Quando chegamos no 4045 descobrimos que a terra não comportava todo mundo e ocupamos uma outra área”.

Durante as ocupações várias lideranças foram presas, Maria relata que algumas pessoas foram torturadas pela polícia, apenas por reivindicar o direito de cultivar a terra. “Eu também fui presa e torturada, mas não poderíamos deixar de resistir, porque essa luta é nossa e é do povo”.

Com o passar dos anos muita coisa mudou e hoje as famílias que residiam em acampamentos estão assentadas. Dona Maria mora no Assentamento Riacho das Ostras, localizado no município de Prado, e tem, há anos, colhido seu sustento a partir da produção de seu lote.

Ela nos conta ainda que o processo de conquista da terra não foi fácil. “Perdi um filho e meu companheiro, mas independente de tudo, se fosse para ocupar o latifúndio novamente, como fizemos há um tempo atrás, eu faria tudo de novo”.

 

 

*Editado por Rafael Soriano