Conserva de jurubeba e carne de lata. Já experimentou?

Estas são algumas das iguarias do campo que são encontradas na Feira do Circuito Mineiro de Arte e Cultura.
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Por: Geanini Hackbardt e Izabele Borges
Da Página do MST

Quem já morou na roça ou ouviu histórias de seus pais e avós vindos do interior sabe que algumas coisas só se encontra na roça. A comida fresquinha, com gostinho de fogão à lenha, aquela galinhada, o frango com quiabo que a vovó passou o dia fazendo  os quitutes da tarde saídos do forno, com café fresquinho, feito no coador de pano.

Na feira realizada em Governador Valadares, nos dias 2 e 3, durante o primeiro festival do Circuito Mineiro de Arte e Cultura da Reforma Agrária, alguns produtos chamaram a atenção. Um deles já foi até homenageado na música de Gilberto Gil, “Juru, juru, juru, jurubeba, beba, beba, beba, Jurubeba.” Em conserva, in natura ou na cachaça a frutinha verde de sabor levemente amargo é tradicional na região do Vale do Rio Doce. 

Dona Divina Lúcia, moradora do Assentamento Barro Azul, no município de São Vitor, trouxe a conserva da Jurubeba que produz no quintal casa. Ela explica que o processo de fazer a conserva é bem simples. Lava-se a fruta, cozinha em água de florais e deixa uma noite de molho. Depois de mais uma fervida coloca-se a jurubeba nos vidros com água e alho. Um pote com 300g de conserva custa 15 reais, mas também é possível levar o saquinho com 1kg, para preparar em casa.

Dona Divina cita as inúmeras formas de uso da planta. “A gente usa ela para a digestão, põe na cachaça, faz tira gosto, cozinha no arroz ou a gosto da pessoa. Além de ajudar no sangue é um poderoso remédio e ajuda muito também os fígados”, explica a trabalhadora Sem Terra.

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Se você vai provar a cachacinha curtida, acompanha bem um tira-gosto. Que tal uma porção de carne de lata? Nos cantos do interior, onde a energia ainda não chegou, algumas práticas para a conservação da carne se preservam. Uma das mais deliciosas é a carne de porco guardada na lata, com a gordura do animal.

“A carne de lata se originou a partir da falta de energia na roça, as pessoas tiveram que  recorrer a novas ideias, pois quando matavam porcos, bois, ou uma quantidade maior de galinhas, não tinham onde guardar, então começaram a se guardar as carnes dentro da gordura, pois não azedava e durava por mais tempo”, contou a vendedora do assentamento Liberdade, Vania Maria. A carne foi preparada pela produtora Maria Célia, da mesma área, no município de Periquito. Ali, a energia foi instalada, mas ela ainda produz a carne para consumo e resolveu enviar para a feira pela procura das pessoas na cidade.

Estes e outros produtos poderão ser encontrados nos próximos festivais. Em Montes Claros ele ocorre de 7 a 10 de setembro, na Praça de Esporte. Em seguida, Alfenas receberá a cultura Sem Terra, de 22 a 24 de setembro. 
Já em Belo Horizonte, o Festival Estadual ocorre de 6 a 8 de outubro, na Serraria Souza Pinto, com entrada também gratuita. E no dia 21 de outubro será inaugurado o Armazém do Campo, a loja da Reforma Agrária na capital mineira, na esquina da Avenida Augusto de Lima com a Contorno. 

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