MST comemora 27 anos no RN debatendo o protagonismo das mulheres Sem Terra

De acordo, com as falas da plenária, iniciar o Circuito com o debate das mulheres, é simbólico, tendo em vista a história do protagonismo das mulheres Sem terra na construção do MST no Rio Grande do Norte nos demais estados do Nordeste
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Por Jailma Lopes 
Da Página do MST

 

Começou ontem (13), em comemoração aos 27 anos do MST no Rio Grande do Norte, o I Circuito Cultural e Mostra de Feira da Reforma Agrária Popular.

A atividade tem o objetivo reunir a base, a militância e amigos para celebrar as conquistas desses 27 anos de lutas, formação e transformação da vida mulheres e homens Sem Terra.
Nesse sentido, envolvidas por mística, poesia, e resgatando as lutas, as formas de resistência, debateu-se sobre o protagonismo das mulheres nas lutas populares, bem como  as políticas públicas e os desafios para as mulheres Sem Terra. 

De acordo, com as falas da plenária, iniciar o Circuito com o debate das mulheres, é simbólico, tendo em vista a história do protagonismo das mulheres Sem terra na construção do MST no Rio Grande do Norte nos demais estados do Nordeste, na organização dos acampamentos e assentamentos do estado, em meio a uma conjuntura de ataques e retrocessos, que viola a vida e os territórios da classe trabalhadora, e de forma intensiva a vida das mulheres.

Assim, com as palavras de ordem “Sem feminismo, não há socialismo”, e, “Pra vida das mulheres mudar, Reforma Agrária Popular!”; demarcaram e apontaram o tom do primeiro dia de debates do Circuito, debatendo a participação das mulheres nos movimentos populares, e políticas públicas para mulheres, contando com a participação de Katiane Barbosa, da Marcha Mundial de Mulheres; Isabela Ferreira, do Levante Popular da Juventude; Cristiane Dias, da Secretaria Assuntos Fundiários e de Apoio à Reforma Agrária; Natália Bonavides, do Mandato Popular de Vereadora em Natal; e Rosa Maria, da direção nacional do MST.

De acordo, com Katiane Barbosa, perceber a construção da luta popular, é se perceber a partir do movimento que tem construído, nos territórios, que se confrontam, diariamente, com o neoliberalismo, com o patriarcado, o machismo, e as violências sexistas – das relações sociais, da cultura, do agronegócio e do Estado.
“O sistema capitalista torna as mulheres mercadoria, e o nosso feminismo, a partir da auto-organização das mulheres, contraria essa lógica, construindo nossa visibilidade, enquanto mulheres, enraizando a resistência às opressões estruturais”, afirma Barbosa.

Nessa linha, Isabela Ferreira, aponta as reformas e os pacotes de medidas, imposta pelo golpe, como medidas que sobreprecarizam intensivamente a vida das mulheres, por isso, “que não devem arredar o pé da luta”, e aponta a necessidade de recolocar um projeto para o país, e a bandeira das “Direitas Já!, como necessidade, para restabelecer a democracia no Brasil!”

Já as falas de Natália e Bonavides e Cristina Dias, trouxeram uma retrospectiva das políticas públicas construídas nos últimos anos para as mulheres camponesas, com as contradições, os limites de acesso e universalização, mas como conquistas significativas, fruto de muita luta, que estão sob risco, nesses tempos de golpe, sobretudo, com o bloqueio a Reforma Agrária, e com a possibilidade da Reforma da Previdência.

Contudo, segundo Natália Bonavides, esses tempos nos colocam o desafio de discutir a participação das mulheres na política, que nesses tempos de golpe, fica ainda mais claro, como os sujeitos que estão impondo uma série de retrocessos ao povo brasileiro, que impacta de forma singular a vida das mulheres camponesas, são homens, brancos, representes de setores latifundiários e do agronegócio.

“Nós representamos mais de metade da população, mas isso não se expressa nos espaços de poder, como a política, e nós temos que enfrentar esse gargalo, pois são os homens que acabam por definir. E essa mesa de debate diversa, que junta institucionalidade e os movimentos populares, aponta caminho comum, que o que fez e faz a vida das mulheres mudar é a luta”, afirma Bonavides. 

Já Rosa Maria, trouxe um balanço das lutas das mulheres ao longo desses 27 anos, os acúmulos, os limites e os desafios, como a necessidade de fortalecer as lutas, do 8 de março, contra o capital, o 25 de novembro – contra a violência contra as mulheres; aprofundar o processo de formação; trabalho de base; organicidade; e fortalecer o feminismo camponês e popular. 

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Apresentação Cultural

O MST tem apontado que as expressões culturais é uma potente arma na reinvenção da resistência, e durante todo o circuito será permeado com apresentações na programação, nessa quarta (13), houve a apresentação do grupo de teatro Comboio de Teatro, estreando com a peça “Manifesto Feminina”.

Programação

As atividades acontecem até o próximo domingo  (17), no Centro de Formação Patativa do Assaré, em Ceará Mirim. Com seminários estratégicos da reforma popular e da luta de classe, apresentações culturais e mostra de produtos agroecológicos vindos dos assentamentos e acampamentos da Reforma Agrária do estado. 

Contando com participação de artistas como Ana Canãs, Sâmia Rafaela e Forró Pegada Faceira (15); noite do forró pé de serra, com Rita de Cássia, Alvimar Farias, Forrozão do Briola, e BL forrozeiro (16); e no último dia, será um dia de esporte e lazer, com o torneio da Reforma agrária, e feijoada dançante com a participação de Pupila Tosh, Ponta de Lança e Alfredo Neto.