Assentamento Rosa do Prado completa 24 anos de lutas, resistência e conquistas

“O Assentamento Rosa do Prado é um exemplo de resistência, de coragem e de pertença à organicidade e à mística do MST”, destaca dirigente Sem Terra.

 

 

Por Coletivo de Comunicação do MST na Bahia
Da Página do MST

 

Neste último sábado (23/9), as famílias do Assentamento Rosa do Prado, localizado entre os municípios do Prado e Alcobaça, no Extremo Sul da Bahia, comemoraram o 24º aniversário da comunidade com uma grande festa e torneio de futebol.

O evento contou com a participação de assentados e acampados de outras localidades, amigos do MST e diversos políticos da região. Ao todo, cerca de 800 pessoas participaram das atividades.

As comemorações tiveram início com uma mística que resgatou a história da ocupação e a memória dos homens e mulheres que vieram a falecer durante as lutas pela desapropriação da área.

Evanildo Costa, da direção nacional do MST, falou da importância que é o resgate das lembranças dos vários momentos de dificuldades, das alegrias e do legado daqueles que “tombaram na luta”. “Reviver essa história é muito emocionante”, comentou.

“O Assentamento Rosa do Prado é um exemplo de resistência, de coragem e de pertença à organicidade e à mística do MST”, destacou o dirigente.

Já Valquiria de Jesus, da direção estadual do MST, disse que é uma grande vitória a construção do assentamento depois das famílias passarem por várias dificuldades. “Nesse período mantivemos o nosso objetivo com o foco na conquista da Terra. Terra para plantar agroecologicamente. Terra para morar, ver os filhos crescendo e valorizando as nossas conquistas. Valorizando o campo”, disse.

Violência policial

O Acampamento surgiu com a primeira ocupação de terra na fazenda Reunida Rosa do Prado, em 16 de agosto de 1993. Em cima de um caminhão, cerca de 60 pessoas, em busca de um pedaço de terra para morar e produzir seu alimento, engrossaram as fileiras dessa ocupação. Desde então, as famílias sofreram 19 despejos.

Todos esses despejos foram sofridos com muita violência pelo batalhão que atuava na cidade de Itamaraju. O último aconteceu em 1996, que ocorreu com mais força, porém a resistência e a vontade de lutar contra o latifúndio garantiu a resistência das famílias.

No total, os acampados passaram 20 anos debaixo da lona preta.

Conquistas

Nesses 24 anos, o assentamento obteve muitas conquistas, como a construção de escolas de Educação Infantil, escolarização no fundamental I e está previsto também o início do fundamental II.

Houve ainda a construção de casas através do Programa Nacional de Habitação Rural (PNHR) e algumas infraestruturas de estradas pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

Além disso, as famílias acessaram o crédito apoio e para aquisição de trator, para beneficiar o trabalho dos assentados e que garantisse o início da produção. Paralelo a isso, conquistaram o Programa Luz Para Todos, o Projeto Fomento Mulher e participaram do projeto de alfabetização para jovens e adultos “Sim, eu Posso”.

Para Valmir Assunção, deputado federal pelo Partido dos Trabalhadores (PT), é muito importante valorizar, cada vez mais, as conquistas que são feitas ao longo dos anos, principalmente, após tantas lutas. “Ver uma conquista e um sonho se transformando em realidade é motivo de muita alegria”.

“Temos que olhar para traz e ao mesmo tempo tirar lições e seguir para frente. Para frente é produzir. Para frente é conscientizar os nossos filhos da importância do MST. Para frente é trabalhar e criar oportunidades para nossos filhos. Temos que olhar para frente, porque é preciso organizar a produção, a educação, a saúde, a segurança, pois depois de 24 anos de luta e resistência hoje podemos dizer que esta terra pertence à classe trabalhadora”, enfatizou Valmir.

 

 

*Editado por Rafael Soriano