Região Sul do Brasil realiza seminário sobre reforma do Ensino Médio

O seminário também vai construir linhas de resistência e um projeto de educação voltado para a dimensão da formação humana.

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Por Antônio Kanova
Da Página do MST

 

Diante da necessidade de enfrentamento aos retrocessos na área da educação, educadores e educandos realizam o Seminário Projeto Político-Pedagógico do Ensino Médio das Escolas do Campo da Região Sul do Brasil. O evento começou nesta quinta-feira (28) no município de Veranópolis, localizado na Serra do Rio Grande do Sul.

Cerca de 150 educadores e educandos das escolas de assentamento e acampamentos dos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná participam do seminário, que tem como parcerias o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra/RS) e a Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS).

O objetivo é debater e definir linhas de atuação contra a Reforma do Ensino Médio e a onda conservadora que vem trazendo retrocessos na base curricular. Neste sentido, o evento aponta para a necessidade das escolas do campo construírem um projeto de educação que contraponha o atual política de educação brasileira e as mudanças em curso.

Para Diana Daros, coordenadora do Setor de Educação do MST no RS, o principal intuito é compreender quais são as mudanças no currículo do Ensino Médio, além dos  desafios para a implementação da Reforma Agrária Popular nos assentamentos.

“O desafio da Reforma Agrária Popular é pensar a implementação para além da produção, mas como construir as relações sociais, o trabalho no assentamento, a renda familiar, a participação da mulher e do jovem na organização do assentamento como sujeitos centrais da Reforma Agrária”, explica.

Educação como mercadoria

Neste atual cenário da educação, o processo de formação está voltado apenas para o mercado, como afirma Willian Simões, professor do curso de geografia da UFFS. “O projeto de educação hoje está em torno da preparação da juventude para viver na instabilidade e no desemprego, voltado ao mercado de trabalho”, declara.

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Mas não é apenas o formato de educação que está em jogo, as condições de trabalho dos educadores também estão sendo afetadas. Segundo Miguel Stédile, da direção nacional do MST, professores recebem pela hora trabalhada, sem qualquer garantia empregatícia.

Durante o seminário também serão construídas linhas de atuação em cada estado para ajudar no processo de fortalecimento e organização da juventude. No primeiro dia do evento foram apresentadas as percepções e as expectativas dos jovens em relação à educação e permanência no campo.

“A juventude, neste processo, tem um papel importante de se auto-organizar. Tem que pensar a participação da juventude na geração de renda, mas também a sua permanência no campo, vinculado aos processos organizativos e com a luta, tomando decisões sobre o futuro do assentamento, pensando espaços de lazer, acesso à cultura e educação”, aponta Danieli Cazarotto, da coordenação do setor de Juventude do MST/RS.

O seminário também vai construir linhas de resistência e um projeto de educação voltado para a dimensão da formação humana. Na programação, que se encerra neste sábado (30), está previsto ainda debates sobre o centenário da Revolução Russa e o seu legado para o MST, além de exibição do filme “Lute como uma menina”, produzido durante as ocupações de escola estaduais, em 2016.

 

 

*Editado por Rafael Soriano