MST participa de homenagens à Ernesto Che Guevara na Bolívia
Da Página do MST
Fotos: Antônio Kanova
Foram mais de 50 horas de viagem em ônibus até a cidade boliviana de Vallegrande, onde 45 militantes do MST e do Levante Popular da Juventude se reuniram com outras centenas de pessoas de todo o mundo para o Encontro Mundial 50 anos do Che na Bolívia. A caravana saiu de São Paulo e chegou à Bolívia na última sexta-feira (6).
O encontro marca a data da captura e assassinato de um dos maiores ícones da luta anti-imperialista e da defesa da classe trabalhadora na América Latina e no mundo. Com o lema “Pela luta anti-imperialista, até a vitória sempre!”, o evento seguiu até o dia 9 com um acampamento internacionalista, debates temáticos sobre o pensamento de Che, exposições culturais, mostras de filmes, feira de artesanato e gastronomia típica, concertos musicais, visitas aos sítios históricos da guerrilha, homenagens a Che e seus companheiros guerrilheiros e guerrilheiras, além de um ato político pela luta anti-imperialista.
A manhã do sábado (7), foi marcada por mesas de debates que tiveram como tema “Revolução Boliviana e Che”, “O homem novo para o bem viver”, “A juventude e futuro da humanidade”, “O resgate da memória históricas das ossadas de Che” e “O pensamento econômico de Che e a transição ao Socialismo”. Nesta última, participou como debatedor Orlando Borrego, economista, ex-guerrilheiro cubano, que atuou no departamento de indústria no período da revolução, mesma época em que foi criado o Instituto Nacional de Reforma Agrária.
Em entrevista à equipe de comunicação da brigada do MST na Bolívia, Borrego falou sobre a importância dos povos do campo para a revolução e enviou saudações a toda militância do movimento, “envio uma saudação especial e pessoal, meus pais eram camponeses e fui nascido e criado no campo. A importância da força camponesa na revolução cubana foi decisiva e importante, mas não se pode dizer que foi a única. Ganhar a confiança e apoio dos camponeses e camponesas foi decisivo. Infelizmente, tínhamos um alto índice de analfabetismo no campo. Por isso não podemos ficar apenas no discurso filosófico artificial sobre a agricultura, que muitos revolucionários têm, desconhecendo sua linguagem, sua a vida no campo. Não se podemos falar do campesinato sem estar perto do povo camponês”, afirmou.
Já no domingo (8), data em que se relembra os cinquenta anos da captura ainda com vida de Ernesto Guevara, a brigada do MST e Levante Popular da Juventude participou das homenagens realizadas no povoado La Higuera, local onde ocorreu a prisão e posterior execução do comandante e outros guerrilheiros em 1967.
Concentrados na cidade vizinha de Pucará com outros movimentos sociais latino-americanos e de outras regiões do mundo, os militantes marcharam por cerca de 20 quilômetros refazendo parte do trajeto que realizou os guerrilheiros naquela época. “Nessa caminhada pela montanha, pudemos ter a experiência de sentir na pele um pouco do que foi a trajetória e os últimos momentos de Che. Isso renova nossa mística e convicção na tarefa revolucionária pela transformação social”, comenta Judite Santos, do Coletivo de Relações Internacionais do MST.
O presidente da Bolívia, Evo Morales, liderou a marcha a partir da Quebrada del Churro, caminhando por uma hora até La Higuera, onde fez questão de destacar a atualidade do pensamento anti-imperialista de Ernesto Che Guevara: “a luta dos povos segue e seguirá até que exista o exploração do imperialismo norte-americano”, disse.
O ato de encerramento ocorreu em Vallegrande, e contou ainda com a presença do vice-presidente de Cuba e comandante histórico da Revolução, Ramiro Valdés, da filha e do irmão de Che, Aleida Guevara e Ramiro Guevara.
Veja aqui um pouco do quem tem sido nossa jornada pela Bolívia
*Editado por Maura Silva