Em Carira, interior de Sergipe, pais e alunos lutam contra fechamento de escola

Com 17 anos de existência, a Escola Municipal Luiz Carlos Prestes atende cerca de 30 alunos da região

 

 

Por Luiz Fernando
Da Página do MST

 

No assentamento Luiz Carlos Prestes, situado a 23 km da sede do município de Carira, no interior do estado de Sergipe, pais e alunos enfrentam um drama com a possibilidade do fechamento da escola na comunidade. Nesta quinta-feira (22), a comunidade realiza um ato para denunciar o caso.

A Escola Municipal Luiz Carlos Prestes tem mais de 17 anos de história e funciona com a pedagogia em turmas multisseriadas. Hoje, conta com cerca de 30 alunos matriculados, entre moradores do assentamento e de seu entorno.

Segundo informações dos moradores, a prefeitura de Carira alega que é necessário cumprir uma decisão da Promotoria Pública Municipal que determina o fechamento da escola por falta de estrutura no prédio.

O Sr. José Carlos, assentado e avô de estudante, demonstra indignação com a possibilidade do fechamento.

“Essa escola não pode fechar. Vai ser muita dificuldade não só para os alunos, mais também para os pais dos alunos, pela dificuldade de transportar até a escola que as crianças serão realocadas. Em tempos como hoje, crianças não podem ficar fora da escola”, desabafa.

Já Ana Carla, mãe de aluno, alerta para os perigos do transporte escolar e demonstra preocupação. “É muito triste uma escola que foi tão difícil para ser conquistada e construída fechar. Será muito difícil arriscar a vida de nossos filhos em ônibus escolares sem o devido acompanhamento de adultos”, alerta.

Escolas do Campo

O fechamento de escolas do campo é uma face da perversidade dos conflitos agrários. Se configura como mais uma estratégia que impulsiona o êxodo rural.

Quando não são fechadas, as escolas são sucateadas, agravando a situação de falta de infraestrutura. Há unidades sem professores, merendeira, carteiras, materiais e muitas onde faltam até água para beber.

O fechamento de escolas em áreas rurais do Brasil não para de crescer. De acordo com um levantamento da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), de 2002 até o primeiro semestre de 2017, cerca de 30 mil escolas rurais no país deixaram de funcionar.

A luta e a esperança

Segundo Neirivane Nascimento, da coordenação do MST na região, a luta por uma educação de qualidade no campo continuará com muita força. “A comunidade só está buscando qualidade e permanência da educação infantil nas escolas do campo”, afirma.

E conclui: “Precisamos garantir que a educação da população camponesa seja no e do campo. E vamos defender o direito de termos uma educação pensada desde o nosso próprio chão, a partir da nossa cultura e das nossas necessidades. Seguimos em luta”.

 

 

*Editado por Rafael Soriano