Atividades de formação movimentam acampamento de mulheres no Extremo Sul da Bahia

Além de denunciarem o cultivo desenfreado de eucalipto na região, as trabalhadoras estudam e debatem gênero e violência
Plenária de Formação no Acampamento das Mulheres Sem Terra no Extremo Sul da Bahia..jpg
Divulgação/MST

 

Por Coletivo de Comunicação do MST na Bahia
Da Página do MST

“Companheira me ajude, que eu não posso andar só. Eu sozinha ando bem, mas com você ando melhor”, cantam as mulheres Sem Terra que estão acampadas na fazenda Céu Azul, em Teixeira de Freitas, no Extremo Sul da Bahia, durante as místicas, estudos, tarefas coletivas e debates realizados sob o barracão do acampamento.

Além de denunciarem o cultivo desenfreado de eucalipto na região, que tem provocado uma séria crise hídrica no município de Mucuri, as trabalhadoras participam de atividades de formação e debatem as questões relacionadas a luta por direitos, a participação, a produção agroecológica, gênero, patriarcado e violência.

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Lucinéia Durães participa dos espaços de formação/Divulgação MST

Lucineia Durães, da direção nacional do MST, passou pelo acampamento e debateu o tema da luta política e participação das mulheres, apontando várias reflexões. “As mulheres são sujeitas na luta de classe e que muitas vezes foram excluídas dos processos de organização social. Hoje, mesmo estando a frente de muitas lutas que garantem direitos, por exemplo, a saúde e educação pública; é importante pensar a participação na política, não apenas na política partidária, mas na política que move, interage e muda a sociedade”.

Sobre a questão da produção agroecológica, que tem se tornado uma frente de formação e experiência vivenciada diariamente nos assentamentos, Durães afirma que ainda é pouca a participação das mulheres. Foi pensando nisso, que ela fala da auto organização e do protagonismo camponês como elementos centrais. “Quando estamos em um espaço como esse conseguimos fortalecer o debate da agroecologia com as mulheres, pois as nossas companheiras são portadoras do debate da soberania alimentar, das sementes crioulas”, explica a dirigente.

Formação e luta

Dionara Ribeiro, do setor pedagógico da Escola Popular de Agroecologia e Agrofloresta Egídio Brunetto, acredita que é extremamente importante realizar esse tipo de debate para dizer as Sem Terra que elas não estão sozinhas. “Estamos lutando por uma sociedade socialista e precisamos lutar dia e noite pela paridade de gênero. Estudar e lutar são apenas duas tarefas imprescindíveis para alcançar nosso objetivo dentro de uma sociedade contraditória”, pontua.

Já Natália de Souza, uma jovem que reside no Assentamento Paulo Kageyama, em Eunápolis, conta que participar dos espaços de formação fortalece a luta. “Aprendi que nossa missão, enquanto mulheres, numa sociedade tão machista, é a de ocupar os espaços”, enfatiza.

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Dionara Ribeiro, da Escola Popular Egídio Brunetto/Divulgação MST 

Acampamento

A ocupação na fazenda Céu Azul se soma as diversas lutas protagonizadas pelas trabalhadoras Sem Terra em todo país e tem como objetivo barrar os retrocessos políticos implementados pelo governo golpista de Michel Temer.

Com o lema “Quem não se movimenta, não sente as correntes que o prendem”, a Jornada Nacional de Luta das Mulheres Sem Terra na Bahia denuncia as privatizações, a violência, os monocultivos e os latifúndios improdutivos.

 

*Editado por Maura Silva