Terra Vista comemora 26 anos de luta e resistência na região do cacau

Assentamento do MST na Bahia constrói base agroecológica com destaque na educação e produção de cacau orgânico
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A produção de cacau orgânico é dos destaques da base agroecológica do Terra Vista / Carlos Alberto

 

Por Solange Brito
Do Brasil de Fato 

 

O Assentamento Terra Vista, localizado no município de Arataca, entre Itabuna e Camacan, ao lado da BR 101, foi a grande vitória do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) na região do cacau.

A área da Fazenda Bela Vista, de mais de 900 hectares, foi ocupada no dia 8 de março de 1992 e, depois de cinco despejos, foi decretada para interesse social e se consolidou, em julho de 1994, no assentamento Terra Vista. Essa vitória foi uma das mais importantes para a expansão do movimento em todo o território da Bahia e significou uma grande derrota para os latifundiários e coronéis da região do cacau.

A área conta com 313 hectares de Mata Atlântica preservados, totalizando 40% da área de preservação, e está em torno do Parque Nacional Serra das Lontras. Possui 300 hectares de cacau-cabruca, e há 18 anos vem realizando a transição agroecológica. O cacau-cabruca é um sistema ecológico de cultivo agroflorestal, onde o cacau é produzido no sistema florestal, construindo uma relação entre ecossistema e a produção familiar.

O assentamento

São 55 famílias assentadas no assentamento, que dispõe de dois centros de educação: O Centro Integrado Florestan Fernandes, que oferece o Ensino Fundamental I e II, atendendo 200 alunos dos assentamentos do MST e comunidades vizinhas. E o Centro Estadual de Educação Profissional, onde funciona a Escola da Floresta do Cacau e do Chocolate Milton Santos Campo, que oferece os cursos profissionalizantes de Agroecologia, Meio Ambiente, Agroindústria, Agroextrativismo, Informática, Segurança do Trabalho, Zootecnia, Bioconstrução, Agente de Saúde Comunitária com ênfase em fitoterápicos, Agroindústria com ênfase em chocolate e movelaria, atendendo estudantes de áreas próximas e de todo estado da Bahia.

Ao longo dos anos, o assentamento vem construindo a sua base agroecológica, dentre elas se destacam a educação, as sementes crioulas, o Sistema Agroflorestal (SAF), o cacau orgânico e a produção do chocolate fino.

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Divulgação Brasil de Fato 

Memória e Comemoração

Para relembrar essa trajetória, as famílias assentadas se reunirão no dia 10 de março para comemorar os 26 anos do assentamento. 

Entre os dias 9 e 10 de março acontecerá o Encontro de Mulheres da Teia dos Povos, um momento em que diferentes grupos de mulheres indígenas, quilombolas, pescadoras, marisqueiras, quebradeiras de coco, da comunidade religiosa de matriz africana, assentadas da reforma agrária, educadoras e estudantes, se reunirão com o objetivo de trocar saberes, conhecer, socializar e discutir as diversas formas de lutas e de resistência das mulheres.

Durante o Encontro de Mulheres serão realizadas plenárias, rodas de conversas, intercâmbio cultural, troca de sementes crioulas, entrega de mudas, atividades culturais, ciranda infantil e demais espaços para o diálogo sobre o tema: Mulheres na luta por Terra, Território e Agroecologia.