Famílias Sem Terra investem na produção de urucum no extremo sul da Bahia

“As sementes do urucum são instrumentos de permanência e de luta”, explica pré-assentado
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Plantação de urucum no pré-assentamento Anita Garibaldi

 

Por Coletivo de Comunicação do MST na Bahia
Da Página do MST

O urucum, fruto do urucuzeiro, é uma planta nativa das regiões tropicais do mundo e tem ganhado destaque na produção de famílias assentadas e acampadas no extremo sul da Bahia.

No pré-assentamento Anita Garibaldi, localizado no município de Teixeira de Freitas, a produtividade tem garantido a permanência das famílias no campo e na luta pela terra, explica o produtor Lourenço Nordestino.

Lourenço relata também que plantou 700 pés de urucum em seu lote e hoje produz duas safras ao ano. Segundo o setor de produção do MST na região, essa iniciativa estimula o cultivo nos demais assentamentos e acampamentos.

Na comunidade, o urucum é usado como matéria-prima para produção de corante natural, dando as cores amarelada ou avermelhada ao alimento. Além disso, possui ação benéfica para o fígado e estômago e tem propriedades emoliente, cicatrizante e ação anti-inflamatória.

Não aos corantes sintéticos

“Hoje, temos a necessidade de se produzir urucum não só no Brasil, mas no mundo”. Essa foi a orientação da Organização Mundial de Saúde (OMS), divulgada em março de 2011, que limita o uso dos corantes sintéticos, principalmente nos alimentos, devido a sua ação cancerígena.

Nesse sentido, a OMS afirma que o urucum é um corante que traz benefícios à saúde. Pesquisas recentes indicam que suas sementes reduzem em até 94% o colesterol ruim (HDL), através do consumo do produto em forma de chá, o “chá de urucum”.

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Lourenço Nordestino é produtor de urucum

Uso indígena

As tribos indígenas brasileiras trituram as sementes do urucum e as transformam em um pigmento muito utilizado como protetor do sol e do veneno da mandioca brava. É usado também como repelente contra insetos e até como tintura vermelha definitiva para a pele, pois penetra nos poros.

Viveiros

Além do Anita Garibaldi, outras áreas do MST estão em processo de construção de viveiros, com a participação da juventude e das mulheres. Um dos objetivos é fortalecer a comercialização.

No assentamento Bela Manhã, também em Teixeira de Freitas, já começou a construção dos viveiros. A jovem Clara Andrade, filha de assentados, acredita que a iniciativa tem incentivado o protagonismo da juventude Sem Terra na produção de alimentos e na geração de renda.

 

* Editado por Maura Silva