“Defender a saúde popular é defender a democracia e o povo”, afirma dirigente do MST

Saúde popular e luta política são temas debatidos no 2º Seminário do Setor de Saúde do MST
Aimbere Jardim, do MST, destaca a importância da luta política e da saúde popular.jpg
Divulgação/MST

 

Por Coletivo de Comunicação do MST na Bahia
Da Página do MST

Entre os dias 19 e 21/3, o MST realizou o 2º Seminário de Saúde da Regional Extremo Sul. As atividades aconteceram no acampamento Gildásio Salles, localizado no município de Santa Cruz Cabrália.

Cerca de 70 pessoas, entre elas acampados, assentados, professores, e alunos da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), participaram do evento que cumpriu o objetivo de debater o acesso das famílias Sem Terra às políticas de saúde e pensar uma metodologia organizativa que qualifique os trabalhos já desenvolvidos no campo do “saber popular”.

Taliane Amaral, do coletivo de saúde do MST, explica que o movimento carrega, desde as primeiras ocupações, a preocupação de resolver situações de saúde das famílias acampadas e assentadas. “Essa preocupação está refletida no papel que a Reforma Agrária Popular possuí na promoção de momentos de estudo técnico e formação política como este”, pontua.

Para ela o seminário fortalece a organização e constrói um debate permanente no campo das novas concepções de saúde, indo além da teoria de que conceitua a saúde como “ausência de doenças”. “A saúde tem uma relação direta com as condições de vida e de trabalho da população. Por esse motivo que lutamos por uma Reforma Agrária Popular, pela produção de alimentos saudáveis e uma saúde que atenda a todos”, afirma Amaral.

Oficina de massagem.jpg
Divulgação/MST

Estudo

Durante o seminário foram realizadas diversas palestras e oficinas voltadas à construção e fortalecimento do coletivo de saúde na regional. O objetivo principal esteve voltado ao debate da saúde popular e a defesa do Sistema Único de Saúde (SUS), a partir da valorização dos saberes populares.

Em parceira com a UFSB, oficinas de bioenergia, massagem, ventosa, limpeza de ouvido, produção e consumo de alimentos saudáveis, movimentaram as atividades do seminário.

A professora Raquel Cerqueira conta que foi uma experiência incrível ter participado das oficinas e uma satisfação grande para UFSB. “Sabemos que podemos contribuir muito mais, porque essa experiência traz um grande conhecimento para nós e aos trabalhos acadêmico, na expectativa de garantir a união entre o conhecimento produzido na universidade com as práticas dos movimentos sociais”, resume.

Segundo Cerqueira, as práticas dos movimentos sociais podem transformar a realidade. “Dentro da expectativa democrática a gente acredita que juntos podemos contribuir para que a população possa ter seus direitos garantidos e que consiga transformar positivamente o conhecimento acadêmico a partir desta experiência das práticas”, conclui.

Uma saúde que impulsiona a luta

O seminário reacendeu, no coletivo de saúde do MST na região, o desejo de lutar por direitos; de defender democracia; e, principalmente, de construir um modelo político de saúde que atenda não só a cidade, mas também o campo.

De acordo com Aimbere Jardim, da direção estadual do MST, a iniciativa reafirmou a necessidade de rever ações e de construir um planejamento, enquanto setor, no campo da saúde. “Nossas ações precisam ser pensadas desde os núcleos de família até os coletivos estadual”.

“Precisamos compreender que esse é o momento de preparar a base para as mobilizações de nossa sociedade e que defender um modelo de saúde realmente popular é defender a democracia e o Brasil”, destaca Jardim.

 

Rumo ao Encontro Estadual

O seminário prepara o coletivo da região para o Encontro Estadual de Saúde, que acontecerá no início do segundo semestre, em parceria com outros movimentos sociais, universidades e com os coletivos de juventude, LGBT, comunicação e gênero do MST.