Movimentos do campo realizam reunião com o governo de Alagoas

Segundo José Roberto, da coordenação do MST, as pautas junto ao governo do estado já são conhecidas da gestão e, mais uma vez, os Sem Terra devem cobrar soluções imediatas
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Divulgação MST 

 

Por Gustavo Marinho
Da Página do MST

 

Seguindo a agenda de luta dos movimentos de luta pela terra de Alagoas, mobilizados em Maceió desde o último domingo (15), uma representação das organizações do campo reúnem-se com o governador do estado Renan Filho (MDB) na manhã de hoje (18). A reunião está prevista para o final desta manhã no Palácio do Governo, no centro da cidade.

A ação integra a Jornada de Lutas pela Reforma Agrária que já mobiliza camponeses e camponesas em 18 estados do país, denunciando a paralisia da Reforma Agrária e cobrando o fim da violência e a impunidade no campo em memória aos 22 anos do massacre de Eldorado dos Carajás.

Segundo José Roberto, da coordenação do MST, as pautas junto ao governo do estado já são conhecidas da gestão e, mais uma vez, os Sem Terra devem cobrar soluções imediatas.

“Não são demandas novas, essas reivindicações já são conhecidas pelo próprio governador. Nossa tarefa aqui é seguir em luta, mobilizados e pressionando para que de fato nossas necessidades sejam atendidas”, enfatizou José Roberto.

Entre as demandas dos movimentos do campo está a negociação das terras da massa falida do Grupo João Lyra, ao qual os Sem Terra têm realizado um amplo processo de luta em todo o estado, exigindo que as terras da massa falida sejam destinadas ao assentamento das famílias que hoje vivem acampadas na região.

“É preciso que o governo do estado também assuma sua responsabilidade e contribua na celeridade do processo das terras da massa falida. Queremos que o governo possa intervir para que as áreas do Grupo João Lyra sejam destinadas ao programa de Reforma Agrária, assentando centenas de famílias nas terras da Usina Laginha e em parte da Usina Guaxuma”, explicou o coordenador do MST.

Ainda na pauta com o governador, os Sem Terra denunciam as recorrentes ameaças de despejo nas áreas emblemáticas de acampamento, com registro de conflito entre camponeses e latifundiários. “Trazemos mais uma vez ao governo do estado essa denúncia e cobramos a intervenção do poder estadual para evitar mais mortes no campo de famílias que vivem na lona preta há quase 20 anos na luta pelo seu pedaço de terra para viver de maneira digna”, disse.

Segue na agenda de negociação com o governo do estado, pontos de debate em relação à destinação da água do Canal do Sertão para consumo e irrigação das áreas de Reforma Agrária na região do Sertão de Alagoas, a recuperação das estradas e políticas públicas que efetivem a estruturação produtiva nos assentamentos da Reforma Agrária no estado.

A audiência com o governador contará com a presença dos seis movimentos sociais de luta pela terra em Alagoas que constroem em unidade a Jornada de Lutas pela Reforma Agrária no mês de abril. Além do MST, participam a Comissão Pastoral da Terra (CPT), o Movimento pela Libertação dos Sem Terra (MLST), Movimento Via do Trabalho (MVT), Movimento de Luta Pela Terra (MLT) e o Movimento Social de Luta (MSL), que mobilizam em torno de cinco mil Sem Terra durante as lutas de abril.

 

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Divulgação MST 

Unidade na luta pela Reforma Agrária em Alagoas

“No momento em que o Brasil está vivendo, é fundamental a unidade daqueles e daquelas que querem se contrapor a esse sentimento de que está tudo perdido e de desesperança. A unidade daqueles que acreditam e lutam por uma sociedade mais justa, fraterna, sem cercas, sem latifúndio é fundamental”, comentou Carlos Lima, da CPT.

“Essa Jornada é mais um momento de fundamental importância para reforçar essa unidade. Nossa Jornada é marcada pela unidade dos que lutam pelo campo alagoano, em memória aos nossos mártires e no intenso diálogo com a sociedade sobre a necessidade da realização da Reforma Agrária”.

Jornada no estado

Ao longo dos dias de luta, os camponeses e camponesas realizaram diversas ações na capital Maceió. Com acampamento montado na Praça Sinimbu, os Sem Terra iniciaram desde domingo (15) uma intensa agenda de lutas, mobilização, ações de solidariedade, formação e diálogo com a sociedade.

Já no início da Jornada, ainda na segunda-feira (16), cerca de 100 camponeses realizaram um mutirão de doação de sangue, reabastecendo o estoque de sangue do Hemocentro de Alagoas (Hemoal).

Durante os dias de luta, os Sem Terra também ocuparam a sede da Secretaria do Estado da Fazenda (Sefaz), pautando as terras da massa falida do Grupo João Lyra, além da ocupação da sede da superintendência do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

Já durante todo o dia 17 de abril, dia que marca os 22 anos do massacre de Eldorado dos Carajás, os camponeses e camponesas realizaram um grande ato ecumênico em frente ao Tribunal de Justiça, relembrando os mártires da luta pela terra. A cerimônia contou com representação de diversos líderes religiosos, rememorando os tombados na luta pela terra e na defesa da vida e da Reforma Agrária.

Ainda no dia 17, junto com as organizações da Frente Brasil Popular e Frente Povo Sem Medo, diversos manifestantes lembraram dos dois anos completos do golpe que afastou a presidenta Dilma Rousseff da presidência do país. Os manifestantes realizaram um escracho em frente ao prédio da TV Gazeta, afiliada da Rede Globo em Alagoas, denunciando a relação da mídia no processo de golpe no Brasil.