Música e política em harmonia nos grandes shows da Feira Nacional

Lula Livre! Este foi o primeiro grito que ecoou do Palco Arena, na Feira Nacional Reforma Agrária na noite deste sábado (05)
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Por Geanini Hackbardt
Da Página do MST 

Lula Livre! Este foi o primeiro grito que ecoou do Palco Arena, na Feira Nacional Reforma Agrária na noite deste sábado, 05. As atrações elegidas para presentear o público de São Paulo nos quatro dias de festejo da colheita do MST mostraram na prática que cultura e política são indissociáveis. 

Na sexta-feira, 4, Siba e Tião Carvalho comandaram o baile. Na tarde de sábado, Ana Cañas abriu o palco com uma interpretação visceral da música Pesadelo, de Paulo César Pinheiro. “E se a força é tua ela um dia é nossa. Olha o muro, olha a ponte, olhe o dia de ontem chegando. Que medo você tem de nós, olha aí”, cantou aos golpistas. Sérgio Vaz jogou versos para receber Otto no palco. “MST é luta, dignidade, honestidade e coragem”, homenageou o cantor.

O Ilê Aiyê trouxe seus tambores ancestrais e a beleza negra para encerrar a noite. O projeto que tem como carro chefe a música é o mais antigo bloco afro do carnaval de Salvador. Gestado dentro de um terreiro de candomblé, formado somente por negros, eles também atuam com ações sociais como a chamada escola Mãe e projetos culturais como a Noite da Beleza Negra, que elege todos os anos a Deusa do Ébano, rainha do bloco. “Nosso discurso é através das músicas. Tudo que a gente sempre ouviu de negativo a música do Ilê manda de volta sempre enaltecendo e engrandecendo o povo negro”, explica Antônio Carlos dos Santos, o Vovô, um dos fundadores do Ilê. 

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Foto: Matheus Alves

Ele ressalta o caráter formador da arte que produzem. “Nós temos dois tipos de música, a música poesia, que trabalha essa questão da autoestima e a música tema, que é uma música que nos educa, versa sobre questões negras, grandes revoluções. O interessante é que essa história é contada por nós, não por livros, gringos, com informações duvidosas, tanto que depois do carnaval o tema do Ilê Ayê se transforma num caderno de educação”, conta.

Sobre a conjuntura e a prisão de Lula, Vovô também não esconde seus anseios. “Incomodou muito o povo ter eleito Lula presidente. Espero que esse mesmo povo que ajudou a eleger Lula, siga com a mesma consciência de que precisamos eleger os nossos. Esse ano o Ilê falou do Mandela, é um exemplo. Nunca mais teve um presidente branco lá”.

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Foto: Matheus Alves

Para ele a história do povo sem terra se confunde com a resistência do povo negro. “A questão da Reforma Agrária é desde que o Brasil foi dito como descoberto. Desde então sempre teve essa especulação latifundiária. Sempre quem não teve emprego, não teve moradia decente foi o pobre e negro. Essa é uma luta constante que acredito que ainda está longe de ser resolvida. A não ser que a gente consiga fazer um outro Lula aí, que vai encarar essa elite de frente mesmo”, afirmou.

A Feira nacional encerra neste domingo, 6, com shows do Martinho da Vila e a Bateria da Escola de Samba Paraíso do Tuiuti, a partir das 17h30.

*Editado por Iris Pacheco