Assentamento Oziel Alves Pereira, a concretização de um projeto

“Nas terras do rio sem dono”, o plano proposto por João Goulart e interrompido pelo Golpe de 64 mostra vitórias
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Recuperação de parte da flora e fauna no entorno do assentamento, é um dos indicadores de sucesso. / Nilmar Lage

 

Por Nilmar Lage | Rede de Colaboração
Do Brasil de Fato 

 

Quando o presidente João Goulart fez o discurso da Central do Brasil, anunciando suas propostas progressistas, entre elas o início do projeto de Reforma Agrária, foi dada a largada para sua deposição e a tomada do poder pela elite e militares com o Golpe de 1964.

Em vários cantos do Brasil, especialmente em Minas Gerais, de onde partiram as tropas de Olympio Mourão Filho para a concretização dos planos, muitos eventos aconteceram nas vésperas do dia 31 de março, já demonstrando a arquitetura do movimento de limitação da democracia.

Governador Valadares, leste de Minas Gerais, registra um desses eventos “pré-golpe”. Localizada em uma região que traz a luta por terras como parte de seu histórico, desde a resistência dos índios Botocudos contra as investidas portuguesas, a disputa por território entre os estados de Minas Gerais e Espírito Santo e atualmente os latifundiários contra os pequenos agricultores, a cidade foi palco de um ataque contra o Sindicato dos Trabalhadores Rurais em 30 de março de 1964.

O principal motivador desse ataque seria o fato de que o Sindicato vinha denunciando que grandes latifundiários do Vale do Rio Doce ocupavam as áreas do Governo Federal para manutenção do gado e extração de madeira. Após seguidas denúncias, o presidente João Goulart declara que desapropriaria a Fazenda Ministério, iniciando a Reforma Agrária no Brasil. 

Mas a Reforma Agrária não aconteceu de fato. A Fazenda Ministério ficaria por mais 30 anos na administração do Governo Federal e somente em 1994, o MST ocuparia aquela terra prometida. Concretizando a promessa feita por Jango, a Fazenda Ministério passou a se chamar Assentamento Oziel Alves Pereira. Passados 24 anos, 42 famílias estão assentadas e a recuperação de parte da flora e fauna no entorno do assentamento, é um dos indicadores de sucesso. Além do trabalho para manutenção das áreas recuperadas, as famílias cuidam da produção para subsistência e abastecimento de feiras agroecológicas da região.