3ª Turma do Curso de Formação Política para LGBTs Sem Terra ocorre em Fortaleza

Curso organizado pelo Coletivo LGBT Sem Terra reúne 50 participantes de estados do Norte e Nordeste

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Por Igor Jatobá
Especial para Página do MST

 

28 de junho de 1969. Uma batida policial no bar Stonewall Inn, frequentado principalmente por jovens homossexuais das periferias da cidade de Nova Iorque, nos Estados Unidos, daria origem a seis dias de confrontos intensos entre a população LGBT e a polícia. O Motim de Stonewall se tornou um dos mais importantes marcos da luta pelos direitos da população LGBT, dando origem, inclusive, à primeira Parada do Orgulho Gay.

Não é mera coincidência que, no mesmo 28 de junho, data que hoje é lembrada como o Dia Internacional do Orgulho LGBT, o MST tenha dado início à 3ª Turma do Curso de Formação Política para LGBTs Sem Terra, realizado em Fortaleza (CE), com apoio da Coordenadoria Ecumênica de Serviço (Cese).

Os paralelos entre a luta dos LGBTs da periferia de Nova Iorque dos anos 1960 e dos LGBTs Sem Terra de hoje são muitos: “o debate LGBT não está deslocado da luta de classes: nossa luta é contra esse modelo de sociedade que exclui qualquer pessoa que tenha uma forma diferente de amar daquilo que a sociedade julga como padrão”, afirma Irineuda Lopes, da Direção Nacional do MST.

Para ela, ainda hoje, a própria existência dos sujeitos LGBT é um desafio: “por isso, nossa luta é tripla: existência, resistência e busca de conhecimento e formação para nos libertar e libertar os outros das correntes da opressão”, defende.

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Soraya, que agora define sua identidade
de gênero entre travesti e mulher trans

O curso, com duração de três dias, contou com mais de 50 participantes de nove estados das regiões Norte e Nordeste, muitos deles sem nenhum contato prévio com as pautas do movimento LGBT. Uma delas é Soraya, 20 anos, do município de Águas Belas (PE).

“Eu nunca tinha participado de um espaço de formação LGBT, então foi muito importante pra mim, inclusive para entender onde eu me encaixo nessa sigla”, conta Soraya, que agora define sua identidade de gênero entre travesti e mulher trans: “esses conhecimentos eu quero levar de volta pra minha cidade e compartilhar com os outros”.

De acordo com Irineuda, o Curso de Formação Política para LGBTs Sem Terra é resultado de uma construção dos próprios sujeitos LGBT integrantes do MST, que entenderam que era necessário criar espaços de formação onde pudessem ser discutidas as opressões sofridas tanto fora quanto dentro do Movimento.

“O objetivo é apresentar às e aos militantes o acúmulo do Movimento em relação ao tema e os desafios e tarefas colocadas pros sujeitos LGBTs, para que eles possam levar esses debates para as escolas, acampamentos e assentamentos e, inclusive, pros diversos setores do Movimento e para a própria direção nacional”, afirma a dirigente. A próxima turma do curso acontece entre os dias 7 e 9 de setembro, no município de Lapa, no Paraná.

As edições anteriores do curso foram realizadas ao longo do ano de 2017 em Caruaru (PE) e na Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF).

 

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*Editado por Rafael Soriano