Educadores do MST socializam experiências e debatem a Base Nacional Curricular

“A educação precisa ser vista como uma ferramenta de fortalecimento do sujeito do campo”
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Mística realizada durante o Encontro dos Educadores da brigada Pau de Colher.
Foto: Divulgação/MST

 

Por Coletivo de Comunicação do MST na Bahia
Da Página do MST

 

Nos dias 19 e 20/7, o setor de educação do MST realizou o 3° Encontro das Educadoras e dos Educadores da brigada Pau de Colher, no município de Casa Nova, localizado no Norte da Bahia. 

Cerca de 150 pessoas participaram do encontro, onde foi debatido o tema “Escolas do Campo: Desafios e Práticas Exitosas”. Além disso, discutiram os aspectos gerais da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e aprofundaram os estudos entorno da agroecologia nas escolas.

As experiências das escolas do MST na região chamaram a atenção do ex-secretário de educação de Casa Nova, Marcos José Ribeiro. Ele acredita que as normas da BNCC oprime a pedagogia libertadora de Paulo Freire, modelo adotado pelo MST.

“Para que tenhamos forças, rebater a BNCC e inserir a pedagogia do MST é preciso criar fundamentos concretos e jurídicos. Um deles seria a criação de um núcleo das escolas do Movimento dentro da secretaria de educação, que seria uma ação pioneira no estado da Bahia”, destacou Ribeiro.

BNCC

A BNCC, conceitualmente, é a principal norma editada pelo Ministério da Educação (MEC) que tem o objetivo de definir as áreas do conhecimento integrantes dos currículos e propostas pedagógicas de todas as escolas públicas e particulares de Educação Infantil e Fundamental, assim como os conhecimentos, competências e habilidades em cada disciplina escolar.

A partir desse objetivo, os educadores e educadoras do MST destacaram que as ações do MEC e de seus “especialistas” desejam impor à educação a dita “lei da mordaça” que, no fundo, as regras visam censurar a troca de conhecimento dentro da sala de aula e prejudicar a formação de alunos críticos, já que eles perdem o acesso à diversidade de opiniões. 

Além disso, a Base Curricular tem encabeçado a Reforma do Ensino Médio, que visa, entre tantas outras questões, precarizar o trabalho do educador e cortar investimentos.

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Plenária do Encontro. Foto: Divulgação/MST

“Nossa educação é reflexo da realidade”

Na brigada Pau de Colher, o MST possuí oito escolas do campo que atendem desde o ensino infantil à Educação de Jovens e Adultos (EJA). 

Os conteúdos trabalhados seguem as regras da BNCC, mas não se articulam metodologicamente com ela. As experiências compartilhadas no Encontro dos Educadores apontou que os diversos conteúdos obrigatórios podem ser trabalhados de maneira interdisciplinar, a partir da realidade dos estudantes.

Para Antônio Martins, do setor de formação do MST, apesar do não investimento do Estado na Educação do Campo, a mesma vem se destacando a partir da escolarização e formação do sujeito.“No método existêm problemas e desafios, mas também têm avanços. O fortalecimento da permanência do sujeito no campo é um deles”, pontuou Martins.

Já Rosicle Oliveira, secretária de educação do município de Casa Nova, salientou que os desafios encontrados pela Educação do Campo são vários, entre eles a estrutura física das turmas multisseriadas, que precisam de apoio do município, da comunidade e escola. “A educação precisa ser vista como uma ferramenta de fortalecimento do sujeito do campo”, afirmou. 

Amostra

Durante o evento foi realizada uma amostra das práticas das escolas, dentre elas, se destacaram as experiências voltadas ao tema da agroecologia, como a conservação de sementes crioulas, coleta de cascas de árvores para fins medicinais, artesanatos, mel orgânico, a produção de geleia e doce de umbu.

Também foram socializadas as atividades realizadas na perspetiva da preservação e cuidado com o meio ambiente, como os jogos didáticos feitos de materiais recicláveis.