A música alimenta: Indiana Nomma encanta militantes grevistas por Justiça no STF

Neste domingo (05), a cantora e filha de Clodomir Santos de Morais, promoveu um encontro musical do povo trabalhador da América Latina junto com a militância em greve.

 

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Por Mateus Além do MPA e Rede Soberania
Da Página do MST 

Há seis dias sem ingerir qualquer tipo de alimento, Rafaela Alves, Luiz Gonzaga (Gegê), Vilmar Pacífico, Zonalia Santos, Frei Sério Görgen e Jaime Amorim receberam a cantora Indiana Nomma, filha do lutador histórico Clodomir S. de Morais, e o pianista Jose Cabrera, na noite deste domingo (05).

No encontro, Indiana cantou 7 músicas do reperório do seu show Tributo a Mercedes Soza. A última música foi um pedido dos grevistas: &”39;Todo Cambia&”39;, escrita pelo músico chileno Júlio Numhauser, uma canção sobre as regras naturais da mudança. A mudança que os motivam na luta por Justiça no STF e pelos direitos socias, arduamente conquistados pela classe trabalhadora, destruídos pela agenda neoliberal golpista. 

“Tenho tantos irmãos que não os consigo contar e uma irmã muito charmosa que se chama liberdade” disse a música Los Hermanos, escrita por Atahualpa Yupanqui, que emanava em sua versão no espanhol na voz de Indiana. Músicas folclóricas, camponesas e da luta de todo o povo trabalhador da América Latina foram o alimento dos grevistas na noite dominical, a música nunca alimentou tanto. 

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No final da apresentação, Amorim, um dos grevistas, agradeceu a presença de Nomma e avisou que na luta todos e todas são necessários, principalmente aqueles que utilizam a música como instrumento. A música trouxe a animação, o conforto e a mística, tão importantes para o momento atual.

Durante sua apresentação, Indiana lembrou a condenação dos oito ex-integrantes do exército chileno, no início deste mês, pelo assassinato do cantor e compositor chileno Víctor Jara, durante a ditadura de Pinochet.

“Demoraram 45 anos para condenarem aqueles que mataram Victor Jara, essas pessoas nem devem estar vivas mais, um cara que morreu à base de coronhadas enquanto era obrigado a tocar as tais músicas de protesto que ele tocava, enquanto se quebrava falange por falange de cada dedo de sua mão.” Denunciou ela antes de cantar a música &”39;Si Se Calla El Cantor&”39;, – &”39;Se o cantor se cala&”39;, em português -, de Horacio Guarany, sobre a importância de ser a voz do nosso povo. 

O flagelo que os seis lutadores estão enfrentando é um grito silencioso. Desesperado e silencioso. “Nós temos que retomar as redeas, combater a fome, não é possível que a gente não possa gritar enquanto tanta gente esta passando fome, desempregada, a violência tomando conta deste país, temos muita certeza do papel que vamos cumprir”, completou Amorim, que agradeceu a presença e ao poderoso alimento que Indianna trouxe aos manifestantes. No final da apresentação a cantora lembrou que este é o momento de dar a nossa voz aos grevistas “eles se movimentam em prol de milhares de vozes, aqui no Brasil, por justiça, igualdade social, pela possibilidade de realização, pela capacidade de fazer da humanidade, do nosso país, um só, então vamos dar apoio a estes grevistas que precisam muito das nossas energias e da nossa voz”.

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Nomma aproveitou o momento para reencontrar os integrantes da Caravana Nacional de Luta Camponesa &”39;Clodomir Santos de Morais&”39; organizada pelo Movimento dos Pequenos Agricultores. “Somos uma brigada de agitação e propaganda que levou a mensagem do MPA para 12 estados brasileiros, e colocamos o nome do pai dela por entender sua importância na história da luta por Reforma Agrária e a organização dos camponeses em nosso país”, avisou a jovem caravanista Fernanda Luz, do MPA. “Que vocês tenham força para seguir porque a luta vale a pena todos os dias”, desejou Indianna aos grevistas, caravanistas e demais presentes. Seu pai, Clodomir, foi um dos dirigentes das Ligas Camponesas, exilado durante a ditadura militar, em seu retorno ao Brasil criou o Instituto de Apoio Técnico a Países de Terceiro Mundo, trabalhando como consultor da Organização das Nações Unidas (ONU). 

*Editado por Iris Pacheco