Vale do Rio Doce recebe curso de formação em agroflorestas

Com cerca de 40 pessoas envolvidas na formação, a proposta integrou agricultores de quase todos os 20 pontos de ações da Reforma Agrária popular na região

 

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Fotos Por Guidyon Augusto

Por Guidyon Augusto
Especial para a Página do MST

 

Entre os dias 22 e 25 de agosto, ocorreu no Viveiro de Mudas Silvino Gouveia, localizado no Assentamento Liberdade em Periquito/MG, o I Curso Regional de Agroflorestas do Vale do Rio Doce.

O Curso é uma ação de formação do projeto Semeando Agroflorestas no Vale do Rio Doce, marca e incentiva a organização de viveiros para produção, plantio e distribuição de mudas que subsidiem o reflorestamento de áreas degradadas, articulado ao projeto Recuperando Áreas Degradadas em Assentamentos da Reforma Agrária (RADAR) inseridas no contexto do Projeto Plantando Futuro da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (CODEMG), também vinculados ao projeto “Implantação de Sistemas Agroflorestais em áreas de reforma agrária como estratégia de recuperação de áreas degradadas” com financiamento da Companhia Energética de Minas Gerais (CEMIG).

Durante os quatro dias de atividades, reuniram-se representantes de seis, dos nove núcleos de agroecologia implantados ao longo dos anos de 2017 e 2018 no território. Com cerca de 40 pessoas envolvidas na formação, a proposta integrou agricultores de quase todos os 20 pontos de ações da Reforma Agrária popular na região, entre assentamentos e acampamentos. A proposta de formação para o território se dá em um contexto de ampla degradação do bioma da Mata Atlântica, chegando à níveis de uma completa descaracterização do mesmo, após o extensivo plantio de eucaliptos desde à década de 1970. Os assentamentos do território sofrem com a falta de água, além de voçorocas e com o clima, tendo assim, como  ponto interesse e necessidade as alternativas de reflorestamento

 

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Participantes do curso

Pautando as bases dos Sistema Agroflorestal (SAF), os participantes foram instruídos por Herlon, agrônomo, que abordou o processo  teórico de construção de um SAF, suas perspectivas de manejo do solo, possibilidades de desenvolvimento e abordagens para o escoamento da produção. Promoveu-se também uma atividade guiada em um SAF no município de Naque (MG) durante o segundo dia de curso, no qual os participantes puderam entender e aplicar as perspectivas teórico-metodológicas para o manejo dos canteiros para a plantação.

O terceiro dia de atividades marcou o processo de aplicação dos elementos teóricos, sendo trabalhados a organização de um SAF pelos participantes do curso, desde sua formulação (escolha e distribuição espacial das mudas) até a construção dos canteiros e plantio de mudas. O SAF foi feito no lote de Vânia e Scarlet, moradoras do Assentamento Liberdade, por meio de um mutirão dos participantes do Curso. Um dos elementos trabalhados ao longo do período de atividades, foi o diálogo sobre as auto-organizações e gestão de mutirões comunitários, suas capacidades e potencialidades de integração regional.

O dia 24 de agosto também marcou a comemoração de dois anos do Viveiro de Mudas Silvino Gouveia, implementado no Assentamento Liberdade após uma iniciativa do Centro de Formação Francisca Veras, inserida no programa Plantando o Futuro da CODEMGE . Marcado também a comemoração de vinte anos do Assentamento, organizado após uma ação direta do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) em 1998, em uma área improdutiva  da antiga Acesita (atual Aperam Aços Inoxidáveis).

 

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Ação de organização de canteiros e plantio de mudas em SAF

No sábado, dia 25 de agosto, finalizou-se o Curso com uma avaliação geral do cenário. O aprendizado fora revisado, assim como abriu-se espaço para considerações, comentários e propostas. Uma das constatações principais acabou por ser da importância do trato adequado do solo, além da importância dos cuidados com o meio-ambiente, principalmente por meio dos processos de plantio de mudas nativas, com a complementação de ativos que pudessem gerar renda às famílias.

Apresentou-se também iniciativas que seguem gerando renda e possibilidades para os agricultores, como por exemplo as feiras municipais e regionais, dando o exemplo da Feira Regional do Vale do Rio Doce, e a Feira Estadual da Reforma Agrária. Outras iniciativas, como os Grupos de Consumo Responsável de produtos oriundos da agricultura familiar, a exemplo da Cesta Agroecológica, que funciona semanalmente em Belo Horizonte, também foram vistas como perspectivas para o escoamento da produção e incentivo ao plantio diversificado.

Você pode conferir como foi o I Curso Regional de Agroflorestas – Vale do Rio Doce na plataforma do Semeando Agroflorestas, clique aqui