Assentados do Paraná comemoram 15 anos de acesso à educação popular

A comemoração ganhou maior motivação ao ser combinada com a inauguração do novo prédio do Colégio Estadual do Campo Chico Mendes
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Fotos : Wellington Lenon 

 

Por  Setores de Comunicação e educação do MST-PR
Da Página do MST

 

 

“Uma Escola forjada pelos sonhos e esperança de um mundo
novo, construída por mãos calejadas na busca do conhecimento e
da emancipação. Se fez escola do povo Sem Terra, se faz em
marchas, em ocupações de latifúndios, se fez Escola Itinerante”.

 

 

No último domingo (16) famílias Sem Terra no Paraná, celebram no assentamento Celso Furtado, em Quedas do Iguaçu, a inauguração do Colégio Estadual do Campo Chico Mendes e também os 15 anos de conquista do direito a educação nos acampamentos da Reforma Agrária do Paraná.

A atividade contou com a presença do chefe do núcleo regional de Educação de Laranjeiras do Sul, a prefeita de Quedas do Iguaçu, a diretora e professores da Universidade Federal Fronteira Sul (UFFS), vereadores da região, o ex-presidente do Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra) Celso Lacerda, membros do Coletivo Estadual de Educação do MST, professores de outras escolas da região e famílias do Assentamento Celso Furtado, do Acampamento Dom Thomas Balduino e Vilmar Bordin.

Ao longo de 2018, os dez acampamentos do Paraná que têm escola Itinerante estão realizando diversas ações formativas, festivas, culturais, de embelezamento das escolas, como forma de resistência e luta pelo fortalecimento do modelo de escola itinerante no Paraná.

A comemoração ganhou maior motivação ao ser combinada com a inauguração do novo prédio do Colégio Estadual do Campo Chico Mendes. Vale ressaltar que o colégio é fruto de uma das primeiras Escolas Itinerantes do Paraná.

Desde a sua origem, em setembro de 2003, foram 15 anos de luta pela construção de uma estrutura física mais adequada para o desenvolvimento do trabalho educativo. Agora, como pontuou a diretora Lourdes Uliano: “persiste o desafio de qualificar a escola com mobília, equipamentos e materiais pedagógicos para os laboratórios de informática e ciências, além de ampliar o acervo literário da biblioteca”.

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Fotos : Wellington Lenon 

Educação é prioridade dos Sem Terra 

Atualmente o Colégio Estadual do Campo Chico Mendes oferece ensino fundamental e médio para 498 estudantes. Desde de janeiro de 2018, o espaço também se constituiu como base da escola itinerante Vagner Lopes, localizada no Acampamento Dom Thomas Balduíno.

A Escola Itinerante nasce da luta pelo acesso e garantia de educação escolar para populações acampadas. Desde sua origem, no Rio Grande do Sul em 1996, a Escola Itinerante assume a postura pedagógica de acompanhar as famílias acampadas, seja nos casos de despejos, nas mobilizações, nas marchas e nas ocupações para assegurar o direito a escolarização das crianças, jovens e adultos que vivem nos acampamentos.

Nestes 15 anos de história existiram 26 Escolas Itinerantes no Paraná, conforme destacado durante o ato político-comemorativo o legado de luta das famílias Sem Terra pela Escola Itinerante concretizou inúmeras conquistas e aprendizados, entre elas:

 

  •  Constituição de uma forma escolar que oportunizou o direito de acesso a escolarização nos acampamentos para aproximadamente 15 mil estudantes;

 

  •  Formulação de um Projeto Político Pedagógico que articula realidade, conhecimento, trabalho social e auto-organização, de forma orientada pelas matrizes pedagógicas da cultura, história, luta social, organização coletiva e o trabalho que são as organizadoras dos ambientes educativos ousando em ocupar a escola com uma nova forma escolar e conteúdo;

 

  •  A Escola Itinerante tem sido a sementeira da Escola de Assentamento, ofereceu origem a 10 Escolas Municipais do Campo e 6 Colégios Estaduais do Campo no Paraná;

 

  • São dezenas de educadores e educadoras populares que se formaram a partir da Escola Itinerante e hoje possuem licenciatura em pedagogia e em educação do campo em diferentes áreas do conhecimento e cursos de pós- graduação;

 

  •  São muitos os estudantes que se constituíram profissionais atuantes a partir das áreas de reforma agrária, como jornalistas, pedagogas, professoras, técnicos agrícolas em agroecologia, agrônomos, veterinários e gestores de cooperativas.

 

  •  Ampliação da vivacidade do acampamento ao se tornar um ambiente cultural para o conjunto da comunidade acampada que asseguram por meio da auto-gestão comunitária a existência da escola tanto estruturalmente quanto na orientação política e pedagógica.
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Fotos : Wellington Lenon 

Atualmente, existem dez Escolas Itinerantes em funcionamento no Estado do Paraná, propiciando acesso à escolarização para, aproximadamente, 2500 estudantes, distribuídas em oito Municípios, que envolvem cinco Núcleos Regionais de Educação, sendo elas: EI Paulo Freire em Paula Freitas; EI Herdeiros do Saber I e II, em Rio Bonito do Iguaçu; EI Vagner Lopes I e II em Quedas do Iguaçu; EI Caminhos do Saber em Ortigueira; EI Semeando Saber em Florestópolis; EI Herdeiros da Luta de Porecatu em Porecatu; EI Carlos Marighella em Carlópolis; e EI Valmir Motta de Oliveira em Jacarezinho.

A existência destas escolas ao passo que expressa à conquista e a constante luta pelo direito a educação nas ocupações de terra, em contrapartida representa a morosidade e a procrastinação da desapropriação das terras no Paraná para fins da reforma agrária, como é o caso do acampamento onde se encontra a Escola Itinerante Paulo Freire existente desde 2003.