Nota do MST no PR sobre a morte do ex-coronel Copetti Neves

Nota repudia as tentativas de associação do MST no assassinato do ex-coronel e reiteramos a necessidade de uma investigação acerca deste crime bárbaro

 

 

Da Página do MST

 

Valdir Copetti Neves, ex-tenente-coronel da Polícia Militar do Paraná, foi encontrado morto na tarde desta segunda-feira (29/10), no município de Ponta Grossa (PR). Publicações de veículos de comunicação relacionaram o assassinato de Neves ao seu histórico de crimes contra o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) do Paraná.

Ao longo das décadas de 1990 e 2000, Copetti Neves comandava uma quadrilha que fazia a segurança ilegal de propriedades rurais na região de Ponta Grossa. A organização era responsável pela perseguição, intimidação e tortura de trabalhadores rurais Sem Terra.

Em 1999, Neves esteve entre as pessoas denunciadas por interceptações de linhas telefônicas ilegais contra cooperativas ligadas ao Movimento. Na época, as gravações foram autorizadas pela Justiça Estadual sem qualquer fundamentação e notificação ao Ministério Público. Dez anos depois, a arbitrariedade gerou ao Brasil uma condenação pela Corte Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americano (OEA).

A operação “Março Branco”, deflagrada pela Polícia Federal em 2005, prendeu Copetti Neves e mais sete pessoas (quatro oficiais da PM reformados, um expulso e dois civis). O grupo foi preso sob a acusação de tráfico internacional de armas e organização criminosa armada utilizada para segurança ilegal de fazendeiros e repressão a famílias do MST. A condenação também apresentava o fornecimento de armas ilegais e drogas, que eram “plantadas” para a incriminar indevidamente outras pessoas. Todos os acusados puderam recorrer em liberdade.

Em dezembro de 2009, Neves foi condenado a 18 anos e seis meses de prisão pela Justiça Federal (primeira instância), e perdeu o cargo que possuía na PM. A condenação foi por tráfico internacional de arma de fogo, de drogas e por formação de quadrilha. Novamente, o ex-coronel teve o direito de recorrer e permaneceu em liberdade.

A condenação em segunda instância, no Tribunal Regional Federal da 4ª Região, ocorreu em maio deste ano, quando o relator do caso, desembargador federal João Pedro Gebran Neto, determinou que se expedisse o mandado de prisão.

Além dos crimes contra o MST, o ex-coronel foi acusado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) de grilar terras da União, em Ponta Grossa.

Reafirmamos que a nossa luta é, e sempre foi, para que os crimes cometidos contra famílias e agricultores Sem Terra sejam julgados pela Justiça, com punição respaldada em trâmites legais e imparciais. Repudiamos as tentativas de envolvimento do MST no assassinato do ex-coronel, e reiteramos a necessidade de uma investigação profunda acerca deste crime bárbaro.

 

 

*Editado por Rafael Soriano