Na Bahia, educadores da Reforma Agrária debatem as diretrizes da educação do campo

O 20º Encontro Estadual de Educadores e Educadoras do MST reuniu cerca de 400 profissionais da educação

 

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Foto: Divulgação MST
 
Por Márcia Mascarenhas e Izélia Silva
Da Página do MST

Entre os dias 14 e 17/12, cerca de 400 profissionais da educação do campo participaram do 20º Encontro Estadual de Educadores e Educadoras do MST. Com o tema: “Escolas do Campo: Projeto Político Pedagógico e Práticas Educativas”, a atividade foi realizada no Centro de Treinamento da Secretaria de Desenvolvimento Agrário (CTN- SDR), em Salvador.                                                                          

 
O encontro resgatou a mística da luta pela educação e reafirmou o compromisso de impulsionar ações contra os fechamentos das escolas do campo. 
 
Inspirada na música &”39;Não somos covardes&”39;, do cantor e compositor Zé Pinto, Cristina Vargas, do coletivo nacional de educação do MST, afirma que é necessário impulsionar a luta contra o modelo do capital. 
 
“Quem elabora nossos projetos educativos, para que as escolas sejam apenas para formar o trabalhador como o patrão quer que ele seja, é o capital.  Por isso é de suma importância reunir educadores e educadoras para prepará-los para os futuros desafios”, explica Varga.
 
Programação
 
O evento contou com uma programação dinâmica. Durante os quatros dias os educadores e educadoras participaram de plenárias expositivas, debates, socialização de experiências e construção de desafios e metas para o próximo período. 
 
Segundo Uelton Pires, educador da Reforma Agrária no Extremo Sul da Bahia, o encontro estadual cumpriu o objetivo desempenhar uma tarefa importantíssima para o Movimento, tornando-se um instrumento de luta e uma ferramenta no qual os educadores vão se somar não só a comunidade, mas também irão se somar a toda temática que vão ajudá-los no seu dia a dia em sala de aula.
 
“O encontro para além da sala de aula, não é só a questão de implementar a pedagogia do MST, mas a gente pensar na pedagogia como um instrumento de luta da classe trabalhadora, ainda mais nesse período que a gente está passando por uma turbulência do ponto de vista político”, afirmou Pires e completa: “o conhecimento precisa ser democratizado, possibilitando construir uma educação libertadora e transformadora”.
 
Desafios das escolas no campo
 
Diversos são os desafios apresentados na luta pela educação do campo na Bahia. Tais questões tem se acentuado devido as transformações que ocorreram no campo, como a modernização da agricultura, o êxodo rural e, a partir da consolidação de movimentos sociais na década de 90, percebeu a necessidade de construir uma pauta para educação do campo que atenda a realidade dos sujeitos dentro das questões sociais, econômicas e culturais.  
 
O MST que um dos movimentos pioneiro nesta discussão tem pautado um currículo de alternância e uma pedagogia diferenciada.

Durante ao Encontro, algumas questões se apresentaram na centralidade das lutas para o próximo período. Entre elas, foi reafirmada a necessidade de pensar a educação na perspectiva da formação do sujeito no campo para o mundo; lutar de maneira permanente contra o fechamento das escolas, apontando esse processo como uma forma de criminalizar o MST e retirar direitos dos trabalhadores do campo; potencializar a luta por investimento nas infraestruturas das escolas e na qualidade do ensino; por fim, garantir a valorização do profissional que atua no campo.

 
Nesse sentido, Vargas apontou que, nos últimos anos, ocorreu diversos fechamentos de escolas do campo. “Nessa totalidade, mais de 37 mil escolas em todo país foram fechadas. O estado da Bahia encontra-se entre os maiores números num total de 5 mil escolas. Esse é o nosso maior desafio. Não devemos aceitar nenhum fechamento de escolas em nossas áreas, mas sim ampliar e abrir novas escolas do campo”, finalizou.