Em Minas Gerais, Sem Terra realizam ato pelo direito à educação do campo

A mobilização foi feita com o intuito de garantir o funcionamento da escola itinerante Maria da Conceição, em Itatiaiuçu
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O Governo afirma que a escola não possui estudantes
Foto: Geanini Hackbardt  

 

Por Geanini Hackbardt
Da Página do MST  

 

A festividade que iria inaugurar uma nova escola itinerante, no acampamento Maria da Conceição, em Itatiaiuçu-MG, foi transformada em Ato Político pelo Direito à Educação. Isso porque, nesta sexta-feira (8) começaria o início das aulas para adultos, jovens e crianças. No entanto, a imposição de entraves burocráticos por parte do estado atrasou a abertura. Mesmo assim as famílias comemoraram a construção do espaço, feita tijolo por tijolo pelas mãos de 130 famílias.

A sede da escola possui 580 m² , conta com cinco salas de aula, cozinha, dispensa, refeitório, sala de professores e biblioteca. A construção, localizada ao lado de uma extensa área de preservação de mata nativa, permite grande conforto aos estudantes e futuros professores.

Ela foi vistoriada e reconhecida pela Superintendência Regional de Educação. De acordo com laudos, a escola está dentro dos padrões técnicos exigidos, o tamanho das salas segue as normas legais e os banheiros possuem fossas ecologicamente corretas.

O chefe de obras Antônio Marcelo Godinho, morador do acampamento, fala sobre a emoção de ver o resultado do trabalho coletivo. “Eu me sinto lisonjeado por ter uma escola dessa, feita por nossa próprias mãos. É um prazer muito grande,  um crescimento para cada um de nós. Com a fé de Deus eu creio que já vai começar a funcionar para nossas crianças, adultos, aqueles que não tiveram a oportunidade de estudar”.
 

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Atividade pedagógica com as crianças da Escola Eduardo Galeano
Foto: Geanini Hackbardt

Godinho ressalta: “Diante da possibilidade de surgirem empecilhos para o funcionamento da escola eu fico triste. Nós somos cidadãos-alunos, a única diferença é que não estamos no asfalto, nós somos rurais, mas somos do mesmo jeito. O governo foi eleito e agora é hora de fazer a parte dele. Da mesma forma que do lado dele, o filho dele, sobrinho, neto precisa de escola, nós precisamos também, independente de localidade, região. Queria que a atual administração visse isso e entendesse essa necessidade.

 

A deputada estadual e dirigente do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais, Beatriz Cerqueira, homenageou a organização que culminou com a construção da escola. “Estar aqui, nesse lugar tão cheio, com a mística, com tantas bandeiras demonstra que sim, existe coletividade e existem pessoas dispostas a não apenas fazer, mas ser a própria resistência”.

A deputada fez um apelo a todos que defendem uma educação. “Nós precisamos ocupar os espaços, para que essa concepção de educação não seja silenciada pelas pautas dos conservadores. Se nós não lutarmos, muito em breve ficaremos institucionalmente com uma escola silenciada e criminalizada. A educação é uma disputa estratégica. Eles entenderam isso e nós também, por isso estamos aqui”, lembrou Cerqueira.

O deputado federal, Rogério Corrêa, também participou do ato e manifestou seu apoio aos Sem Terrinhas e a educação do campo. Além disso, estiveram presentes representantes do Coletivo Alvorada, do grupo de bordadeiras Linhas do Horizonte, do Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais, Frente Povo Sem Medo, Movimento Fé e Política, o vereador Mirinho, do município de Itaúna e o vereador Antônio, do município de Itatiaiuçu.