Camponesas realizam ato em defesa da Reforma Agrária em Maceió

Cerca de 1000 camponesas iniciam hoje (07) em Alagoas a Jornada de Lutas das Mulheres Sem Terra
IMG_4192.JPG
Divulgação

 

Por Gustavo Marinho
Da Página do MST     
      

     

Vindas de todas as regiões do estado de Alagoas, trabalhadoras rurais Sem Terra realizam na manhã de hoje (07) o Ato Político em Defesa da Reforma Agrária, a partir das 10h30, com concentração na Praça Deodoro, no Centro de Maceió. O ato além de denunciar os ataques do governo Bolsonaro à Reforma Agrária, reafirma o papel e o compromisso das mulheres na luta pela terra e pela produção de alimentos saudáveis para o povo brasileiro.

Dando início a Jornada Nacional de Lutas das Mulheres Sem Terra, as camponesas de Alagoas lançam ainda a “Carta das Mulheres Sem Terra à Sociedade”, onde expressam a posição das trabalhadoras e convocam o conjunto da sociedade para a luta em defesa dos direitos.

De acordo com Débora Nunes, da Coordenação Nacional do MST, são cerca de 1000 mulheres que iniciam a Jornada Nacional de Lutas das Mulheres Sem Terra no estado, organizadas na Comissão Pastoral da Terra (CPT), no Movimento pela Libertação dos Sem Terra (MLST), Movimento Via do Trabalho (MVT), Movimento de Luta pela Terra (MLT), além das mulheres do MST.

“Nossa Jornada de Lutas é mais um momento de unidade das mulheres camponesas na defesa da Reforma Agrária e pela vida”, destacou a dirigente. “Contra todos os ataques que a Reforma Agrária e os movimentos de luta pela terra têm recebido do Governo Bolsonaro, é a nossa força em luta, organizadas e em movimento que será a resposta aos que se colocam contra a vida digna do povo no campo e na cidade”.

Ainda de acordo com Débora o ato em defesa da Reforma Agrária doará simbolicamente parte da produção de alimentos vindas dos acampamentos e assentamentos do estado de Alagoas à população. “Além de um ato de partilha e solidariedade, esta é uma demonstração do que é produzido no campo alagoano e uma convocação à sociedade à defesa na luta pela Reforma Agrária”.

IMG_4258.JPG
Divulgação

Jornada de Lutas

Com o lema “Pela Vida das Mulheres, Somos Todas Marielle!” a Jornada Nacional de Lutas das Mulheres Sem Terra relembram o legado de Marielle Franco, vereadora na cidade do Rio de Janeiro, lutadora e defensora dos Direitos Humanos. A Jornada marca a passagem do 8 de março, dia internacional de luta das mulheres, a Reforma Agrária, o combate a violência às mulheres e denunciar o ataque à aposentadoria, proposta pela Reforma de Previdência do atual governo.

As camponesas que já montam acampamento na Praça Deodoro, no Centro da Cidade de Maceió, seguem mobilizadas na capital, onde somam-se às mulheres trabalhadoras urbanas para o ato na manhã da próxima sexta-feira (08).

Confira abaixo a Carta das Mulheres Sem Terra de Alagoas:

CARTA DAS MULHERES SEM TERRA À SOCIEDADE

 

Embaladas pelos ares de março, pela beleza e colorido do nosso carnaval que trouxe a força e resistência do povo e fortalecidas pela indignação de vermos tantas injustiças e violências cometidas contra mulheres, sujeitos da diversidade sexual, homens, jovens, crianças, contra as negras/os e os pobres do nosso país, nós Mulheres Sem Terra ocupamos mais uma vez as ruas para exigir direitos e convocar a sociedade à luta com o lema: “PELA VIDA DAS MULHERES, SOMOS TODAS MARIELLE!”.

Vivemos um momento de retrocessos, retiradas de direitos e aprofundamento das desigualdades sociais e políticas, com o acelerado aumento da violência contra o povo pobre e negro, e principalmente contra as mulheres que são violentadas e assassinadas todos os dias, todas as horas, minutos e segundos.

Tudo isso vivido na pele pelo nosso povo é aprofundado com a permissão e ação do governo Bolsonaro, um governo neofacista e ultraliberal, que teve sua eleição viabilizada pelos meios de comunicação, pelo poder judiciário, pelos bancos, militares e pelo agronegócio. Por todos aqueles que roubam a vida e os sonhos da nossa gente, para garantirem seus privilégios, seus altos lucros e a apropriação das nossas riquezas com total subordinação aos interesses internacionais, principalmente dos Estados Unidos.

Assim DENUNCIAMOS e REPUDIAMOS:
 

1.         A brutal violência contra as mulheres e o povo

A violência contra as mulheres é alarmante e vergonhosa para uma sociedade dita civilizada. São muitas as formas desta violência: desde o Estado quando não garante políticas públicas de saúde e educação, trabalho, terra, moradia, crédito produtivo, aposentadoria… Até a violência física, cometida por homens covardes, que agridem, estupram e matam brutalmente meninas e mulheres… As Marias, Ritas, Amandas, Antônias, Marielles. BASTA DE VIOLÊNCIA CONTRA QUEM GERA VIDA!

2.         A destruição da previdência social

Tramita no Congresso Nacional a proposta do governo Bolsonaro de Reforma da Providencia, que mais uma vez penaliza o povo pobre e as mulheres. Uma proposta que não inclui a reforma da aposentadoria dos juízes, dos deputados e senadores e dos militares.

Uma reforma que atinge diretamente as mulheres, em especial as mulheres do campo, igualando a idade aos homens sem levar em consideração a dupla ou tripla jornada de trabalho da mulher. Aumentando a idade mínima para se aposentar e aumentando o tempo de contribuição.

Uma reforma que não tem a coragem de acabar com os privilégios de quem ganha altos salários com dinheiro do povo, e nem cobra as dividas das empresas que devem a previdência. A APOSENTADORIA É NOSSA, NINGUÉM VAI TIRAR ELA DA ROÇA!

3.         Os ataques à Reforma Agrária

A Reforma Agrária é fundamental para conseguirmos garantir trabalho e condições de permanência no campo para milhões de famílias Sem Terra.

É a possibilidade de termos a produção de alimentos saudáveis sem agrotóxicos – da macaxeira, da batata doce, do feijão que está na mesa do povo todos os dias.

O governo já anuncia medidas que aprofundam o desmonte e a paralisia da reforma agrária, desde cortes no orçamento, a suspensão de novos assentamentos, o enfraquecimento de programas como PAA e Assistência Técnica, até a reconcentração de terras com a privatização dos assentamentos e a tentativa de destruir e nos tirar o direito à educação.

Exigimos o fortalecimento do INCRA, com condições e recursos para fazer o seu papel. REFORMA AGRÁRIA JÁ PARA DISTRIBUIR A RIQUEZA E ENFRENTAR O AGRONEGÓCIO DESTRUIDOR DA NATUREZA E DA VIDA NO CAMPO!

Por fim, nos solidarizamos com as famílias do bairro do Pinheiro, exigindo ação efetiva dos governos municipal, estadual e federal, para a resolução da questão evitando assim um novo desastre causado por empresas com a conivência do Estado Brasileiro, aqui a Braskem, que de forma inconsequente exploram os bens da natureza se apropriando das nossas riquezas e ao povo fica a lama, a destruição, a morte. 

Lutaremos pela democracia, pela justiça, pela igualdade, pela defesa dos bens da natureza, pela democratização da terra, pela produção de alimentos saudáveis para alimentar o povo brasileiro e pela liberdade do companheiro Lula!

 

Mulheres Sem Terra em luta!

 

CPT – MLST – MLT – MST – MVT

 

 

 

 

* Editado por Fernanda Alcântara