23 anos da conquista do Assentamento Cuiabá, em Canindé do São Francisco

Hoje mais de cinco mil famílias assentadas na região do Alto Sertão colhem os frutos de muita luta naquelas terras

 

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Do Setor de Comunicação de Sergipe
Da Página do MST

Em 12 de Março de 1996, 2.111 famílias seguiram em uma grande marcha com tratores, ônibus, caçambas e caminhões, rumo à usina da Companhia Hidrelétrica do São Francisco (CHESF), na cidade de Canindé de São Francisco. De um lado, encontrava-se o sonho da terra livre; do outro, a terra cercada em cativeiro. Os que sonhavam estavam do lado de fora; a terra, prisioneira de poucos, estava dentro.

 

A luta pela terra não era fácil. Foram dias de amargura, momentos de insegurança, mas o povo não desistia e a luta seguiu em frente, surgindo assim várias ocupações. A marcha avançou para a fazenda Cuiabá, uma fazenda improdutiva com aproximadamente 3 mil hectares, que pertencia a Antônio Duarte Dutra. Ficaram acampados por 6 meses.

 

Terra livre é liberdade, e o povo foi acolhido na liberdade assim como era sua sina. Na fazenda Cuiabá ficaram acampadas 200 famílias, enquanto as demais seguiram mais uma vez em marcha até  a Fazenda Alto Bonito e ali foi concebido o projeto Jacaré Curituba, destinado a 80 empresários. O acampamento durou dois anos e ficou conhecido a nível nacional como a maior cidade negra no Brasil.

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Arquivo

Em abril de 1997, os trabalhadores organizados com bandeiras, foices, violão e facão, seguiram caminhando e cantando e seguindo a canção em marcha por 12 dias, saindo de Canindé do São Francisco até a capital Sergipana, com pauta de reivindicação das áreas do Alto Sertão.

 

Mesmo com certa complacência do proprietário da fazenda ocupada, que não arquitetou restrições à desapropriação, a luta dos acampados foi árdua: o Estado não viabilizava a realização rápida do assentamento. Os acampados tiveram que enfrentar fome, problemas de saúde e a tensão com a comunidade local.

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Arquivo

Mas a luta foi vitoriosa. Hoje, a área se tornou um projeto de reforma agrária, e um marco histórico na luta do MST no Estado de Sergipe. Serviu ainda como ponto de partida de “uma mudança completa no Alto Sertão, trazendo desenvolvimento econômico e social na região”, nas palavras do assentado João Gomes. Ele participou da ocupação da Chesf e defende que a Reforma Agrária  pode ser a solução para a melhoria econômica, política, cultural e social ao transformar e agregar valores às famílias.

 

Esse é um grande feito do MST: dar um sentido à vida das pessoas e trazer a esperança de ter o que comer, onde dormir, onde produzir e educar seus filhos. É resgatar o sonho de uma sociedade mais justa e igualitária. E como já dizia o poeta: “Sonho que se sonha só, é só um sonho que se sonha só, mais sonho que se sonha junto é realidade”.

 

 

*Editado por Fernanda Alcântara