Sem Terra participam de mutirão para construção do Centro de Referência Socioambiental na Ufal

Acampados e assentados da Reforma Agrária plantaram cerca de 5 hectares de sementes crioulas de diversas culturas na Universidade

 

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Ação aconteceu na manhã de hoje (22) na Universidade Federal de Alagoas
Foto: Gustavo Marinho

Por Gustavo Marinho
Da Página do MST

 

Nas primeiras horas da manhã de hoje (22), dezenas de trabalhadores e trabalhadoras rurais Sem Terra do MST em Alagoas chegavam ao Campus A. C. Simões, da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), na capital Maceió. Com as ferramentas de trabalho nas mãos, muitos ali pisavam pela primeira vez na Universidade, mas sabiam da importância da sua presença, participação e solidariedade.

A chegada dos Sem Terra na Ufal marcou o lançamento do Centro de Referência Socioambiental da Universidade, projeto que pretende envolver a comunidade do entorno da Universidade a partir de uma série de iniciativas, dentre elas a produção de alimentos saudáveis e ações voltadas à geração de renda, formação e lazer para a comunidade.

Foram cerca de 5 hectares plantados de feijão, milho, batata doce e macaxeira pelos camponeses e camponesas. A produção servirá para abastecer o Restaurante Universitário, bem como estimular o envolvimento da comunidade na produção de alimentos, como forma de diálogo direto da Universidade com a população do seu entorno.

Segundo Joelma Albuquerque, da Pró-Reitoria de Extensão, a iniciativa da Universidade simboliza mais um momento de aproximação da Universidade com o conjunto da sociedade. “Esses momentos são fundamentais para construirmos novos conhecimentos a partir de novas relações com a terra, entre os homens e mulheres, para que possam contribuir cada vez mais com o desenvolvimento social do nosso estado”, destacou.

De acordo com a Pró-Reitora, o mutirão de solidariedade dos camponeses e camponesas enriquece ainda mais a construção do Centro de Referência Socioambiental. “A Universidade é esse espaço de conhecimento e geração profissional e tem muito a dialogar e aprender com os movimentos sociais. Vivemos hoje um momento em que se libera o uso de agrotóxicos e estamos aqui fazendo o plantio de sementes crioulas com os trabalhadores do campo, queremos incentivar isso na Universidade, nas pesquisas, nos estudos e nas atividades de extensão a partir de referências humanizadas”.

A manhã foi marcada pela troca de saberes. Professores, estudantes e técnicos aprendiam e ensinavam junto aos camponeses e camponesas a plantar a rama de batata, a maniva da macaxeira ou a semente do milho.

Vanda dos Santos, assentada em Joaquim Gomes, na Zona da Mata de Alagoas, foi uma das Sem Terra que participou do mutirão, mesmo sem nunca ter conhecido a Universidade durante toda a sua vida, Vanda reforçou a importância da iniciativa da Ufal.

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Ação aconteceu na manhã de hoje (22) na Universidade Federal de Alagoas
Foto: Gustavo Marinho

“Eu nunca tinha vindo aqui, é minha primeira vez na Ufal e essa primeira vez ficará marcada”, explicou. “Não tive a oportunidade ainda de vir para estudar, mas vim aqui para mostrar o que eu sei fazer na roça: produzir alimentos. É uma demonstração para a sociedade do nosso papel”.

Os Sem Terra que deram o ponta pé na ação, plantando as primeiras sementes do que se tornará um centro que pretende envolver centenas de pessoas da comunidade acadêmica e bairros vizinhos. Eles fortaleceram ainda a defesa da Universidade Pública e a importância das ações de solidariedade que fortaleçam a relação da Universidade com a sociedade.

“Hoje nós estamos fazendo aqui a planta inicial desse projeto que tem como objetivo prioritário construir essa relação com a comunidade que está no entorno da Universidade”, relatou Débora Nunes, da coordenação nacional do MST. “A Universidade que se estrutura no tripé da pesquisa, ensino e extensão, precisa dialogar com a sociedade e nada mais importante do que começar e garantir esse diálogo com quem está do lado da Universidade”.

Ainda de acordo com Débora, o MST chega à Universidade com a perspectiva de fortalecer o debate da alimentação saudável e da defesa da Ufal. “Compreendendo o papel e a necessidade do debate da produção de alimentos saudáveis e do desenvolvimento da agroecologia é que o MST se soma a atividade, contribuindo na tarefa da defesa da Universidade, mas também que ela seja construída pelo conjunto da sociedade”.

 

O projeto

Reitora da Universidade, Valéria Correia, reforçou que a participação do MST na inauguração do projeto foi a expressão de um grande ato de solidariedade dos Sem Terra com a comunidade acadêmica.

“Esse é um gesto que fortalece a nossa Universidade, exatamente no dia em que inauguramos um projeto que pretende fortalecer as alianças da comunidade com a Universidade”, comentou a Reitora.

Segundo Valéria o projeto deve contemplar uma série de atividades para os moradores dos bairros próximos à Universidade. “Neste projeto nós teremos uma cozinha experimental, hortas urbanas, farmácias vivas, parque para a comunidade, eco ponto para coleta de entulhos e eletrônicos”, concluiu.

 

Editado por Fernanda Alcântara