A luta pela Reforma Agrária contada no livro “Sem Terra em cartaz”

Lançamento da Expressão Popular traz histórias e a memória coletivo do MST em cartazes
mockuplivro.png
São mais de 400 cartazes de diversos momentos históricos. Foto: Divulgação

 

Por Fernanda Alcântara
Da Página do MST

 

A história do MST está presente em jornais, livros e nos assentamentos e acampamentos espalhados por todo país. Para completar a lista de documentos históricos que mostram a luta pela terra nas últimas três décadas, a editora Expressão Popular lança o livro “Sem Terra em cartaz”.

A publicação resgata, entre outras coisas, os 35 anos de experiências e vivências do MST na luta pela Reforma Agrária através de cartazes. São mais de 400 imagens de diversos momentos históricos e arquivos de assentados, educadores, técnicos e a própria militância do Movimento.

O livro reúne o “legado documental para a construção da memória histórica das lutas por uma sociedade mais justa, baseada na liberdade, igualdade e felicidade”, descreve o jornalista e pesquisador Vladimir Sacchetta, um dos organizadores.

Rogério Chaves, coordenador editorial da Fundação Perseu Abramo e membro do coletivo editorial do livro, lembra o delicado processo de seleção dos cartazes. “Para chegar ao material, a equipe contou com acervos de diversas fontes primárias, além do próprio coletivo de memória do MST. Pessoas como o Camilo Monteiro do Amaral Álvarez e Meire Barreto, nominadas no texto da direção nacional que abre o livro, foram essenciais para este documento, além do trabalho delicado de Marina Tavares, responsável pelo projeto gráfico e editoração da obra”, explica Chaves.

O tempo histórico

A longo prazo, muitos desses cartazes se tornaram ícones poderosos na luta pela Reforma Agrária. Eles foram (e são até hoje) instrumentos eficazes para a difusão de ideias, enfrentamentos, resistências e, frequentemente, são apropriados e reapropriados por diferentes grupos e coletivos.

mockuplivro3.png
Mais do que texto e estética, os cartazes
políticos são instrumentos de luta. 
Foto: Divulgação

Rogério Chaves defende que o Brasil carece de trabalhos como esse devido ao “retrocesso que vivemos desde o golpe de 2016 e as eleições de 2018, que são fruto da imposição que as elites capitalistas do Brasil e do exterior”, lembra.

Segundo ele, a ideia era reapresentar a todos e todas, as várias lutas do campo, anônimas ou não. “Esse é um modo de reconstruir nossa democracia e vencer os males do capital, derrubar as cercas do latifúndio na terra e no pensamento, derrotar as imposições das grandes corporações contra a vida. Esse é o caminho para uma nova sociedade, justa e solidária”, destaca.

Memória e enfrentamento

Na arte de convencer, conquistar e mobilizar, poucos materiais são tão efetivos quantos estes cartazes. Em um momento histórico em que a internet produz campanhas cada vez mais perecíveis, documentos como esses trazem uma narrativa visual, resgatando a trajetória da luta pela terra desde a década de 1980 até os dias atuais.

Mais do que texto e estética, os cartazes políticos são instrumentos racionais de conquista e organização popular, como ressalta Sacchetta: “Criados por artistas gráficos, os cartazes reproduzidos neste livro documentam ações e iniciativas capilarizadas por todo país, que vão da formação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), seus congressos e encontros, às celebrações do dia do trabalhador do campo, campanhas e jornadas”.

O jornalista lembra ainda o caráter inclusivo dos personagens ao longo da história, principalmente no comprometimento com o debate de temas como a Reforma Agrária, a educação no campo e a agroecologia. “[O livro] registra a violência no campo, prestando homenagem aos mártires assassinados pelo latifúndio e aos que fazem parte de uma rede de solidariedade, dentro da Universidade ou fora dela”, comenta.

“Sem Terra em cartaz” pretende manter viva na memória dos brasileiros a luta do MST, em cartazes as denúncias e solidariedade frente à situação no Brasil e em países vizinhos, unidos pela mesma bandeira de luta. Nesse sentido, “para o momento que vivemos hoje, sob governo Bolsonaro, isso diz muito. E diz muito com poucas palavras e centenas de imagens. Faz toda a diferença para os lutadores de hoje, pois motiva, sensibiliza e enaltece a própria luta social”, ressalta Chaves.

Sobre o que destacaria do levantamento, Rogério Chaves afirma também que o livro é uma síntese da luta de milhares de brasileiros e brasileiras que, a partir da terra, forjaram o país. “&”39;Sem Terra em Cartaz&”39; é imprescindível aos lutadores e lutadoras sociais de ontem e de hoje, aos amigos e amigas do MST, para o  pessoal de pesquisa acadêmica em áreas como História, Comunicação e Ciências Sociais. Enfim, é para todos que sabem a importância deste processo”.

Vladimir Sacchetta é mais categórico: “A seleção revela que, apesar das muitas décadas passadas, a luta dos trabalhadores e do MST não se encerrou . A memória e a cultura presentes neste livro servirão, certamente, de encorajamento para o enfrentar os novos desafios”, conclui.

Adquira seu exemplar no site da Expressão Popular aqui.

mockuplivro2.png
“Sem Terra em cartaz” pretende manter viva na memória dos brasileiros a luta do MST.
Foto: Divulgação

 

*Editado por Wesley Lima