No Ceará, VI Jornada Universitária inicia com presença das matriarcas da luta pela terra

Por Aline Oliveira
Da Página do MST
 

Na tarde da ultima sexta-feira (5), o Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra realizou a abertura oficial da VI Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária (JURA). A atividade aconteceu no auditório Raquel de Queiroz, campus Benfica da Universidade Federal do Ceará (UFC), e contou com cerca de 200 participantes, entre estudantes, professores, militantes do MST, amigos e apoiadores da luta pela Reforma Agrária.
 

A mesa de abertura contou com a participação de matriarcas da Luta Pela Terra no Ceará com tema “Mulheres e terra no Ceará: Relatos de Vidas e Resistência” narrando os desafios e conquistas obtidas durante os últimos 30 anos no estado.
 

“Minha luta iniciou nos anos 70. Vi crianças morrerem de fome, enfrentei fome, seca, enfim, vi  e vivi a exploração da terra, mas resisti e hoje estou aqui contando essa história” relata Maria Lima, assentada no primeiro assentamento do Ceará, que aproveitou para fazer um apelo. “Peço que a nossa juventude continue a luta e valorize cada pedaço de chão conquistado, pois custou muito a nós, nos custou suor e a própria vida de muitos de nós”.
 

Ana Maria da Silva, assentada no assentamento 10 de Abril, lembrou da herança daquelas terras. “Somos herdeiros e herdeiras da luta do caldeirão. Graças à luta do MST e ao governo Lula  conquistamos muitas coisas para nosso assentamento”. Ela ressaltou as oportunidades que o Movimento ofereceu. “Hoje trabalho com horta, vendo nas feiras agroecológicas e fui convidada pela Universidade Regional do Cariri para trabalhar aulas de agroecologia. Nunca tive oportunidade de estudar, meu lápis e caderno eram uma enxada e uma foice. ” finaliza Maria Silva.
 

Esse ano, a Jornada terá como temas centrais “MST no Ceará, 30 anos de lutas, conquistas e resistência popular”, os “35 anos do surgimento do MST” e os “20 anos da editora Expressão Popular”.
 

As JURAs
 

A jornada Universitária em defesa da Reforma Agrária acontece desde 2013, a partir do 2º encontro dos professores universitários. As Jornadas são realizadas entre os meses de Abril e Maio em todo país, envolvendo mais de 50 universidades, federais, estaduais, e institutos de ensino. O período foi definido para dialogar com o 17 de Abril, Dia Internacional da Luta pela Terra.
 

A JURA tem como objetivo visibilizar ações de luta pela terra que o MST no ambiente acadêmico. “No momento em que vivemos uma conjuntura de retrocessos e retirada de direitos da classe trabalhadora, ataques e perseguições aos que lutam, a jornada universitária tem essa tarefa de fortalecer nossa relação com a sociedade. A ideia é mostrar nossa cara, nossa capacidade de produzir alimentos saudáveis, de produzir conhecimento” afirma Neidinha Lopes, da direção nacional do MST no Ceará.
 

No Ceará, a VI JURA acontece com a ampla articulação com universidades comprometidas com a questão da luta pela terra e pela construção da Reforma Agrária Popular, entre elas a Universidade Federal do Ceará (UFC); Universidade Estadual do Ceará (UECE), nos campus de Fortaleza, Limoeiro do Norte, Itapipoca, Crateús; Universidade Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB); e Universidade Regional do Cariri (URCA).
 

A programação segue até o dia 07 de maio, com exibição de filmes do cinema da terra e debate, mesas sobre a conjuntura política e seus os desafios e perspectivas da educação do campo, semeado a agroecologia para pensar a convivência com o semiárido, economia e questão agrária, cooperativismo, exposição fotográfica, oficinas de fotografia, minicursos e outros. Além disso, está programada ainda uma feira da Reforma Agrária em 13 de Abril e a final da I Copa Estadual da Reforma Agrária, que acontecerá dia 28/04 no Estádio Presidente Vargas, em Fortaleza.